Colégio de elite de SP se beneficia de verba pública...enquanto nas escolas estaduais falta até carteiras para alunos

O Ministério do Esporte autorizou o colégio Dante Alighieri, um dos mais tradicionais de São Paulo, a captar R$ 429.325 de patrocínio por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, que concede dedução fiscal a empresas interessadas em investir em projetos aprovados pela pasta.

MENSALIDADES PODEM CUSTAR ATÉ R$ 1,7 MIL

Fundado há cem anos, o Colégio Dante Alighieri tem 4.500 alunos. E a mensalidade para os matriculados no terceiro ano do ensino médio, incluídos nos jogos internos, é de R$ 1.700. O colégio informou que cerca de 2.500 alunos participam do evento esportivo.

A verba foi destinada à organização da olimpíada da escola, iniciada nesta semana. O campeão olímpico do vôlei, Giba, e a ginasta Daiane dos Santos participaram da cerimônia de abertura, que teve um show sertanejo.

Duas empresas aceitaram destinar parte de seu imposto de renda devido (pela lei, até 1%) e destiná-lo ao projeto da escola, localizada em um bairro nobre da cidade.A Porto Seguro contribuiu com R$ 379.325,02. De acordo com o diretor financeiro da escola, João Ranieri, o Grupo Comolatti, do ramo automotivo, cedeu mais R$ 50 mil, que ainda não constam no site do ministério.

O valor total captado está sendo utilizado para pagar a arbitragem dos jogos, uniformes dos atletas, professores envolvidos, cobertura e arquibancada das quadras externas, elencou Ranieri.

Segundo a assessoria de imprensa, a verba também será utilizada para promover em agosto uma corrida de rua nos Jardins, onde se localiza a instituição, apenas entre alunos e ex-alunos.

"O colégio não precisa recorrer a ela [à lei], mas pode, como qualquer outro colégio. Não é privilégio nosso", afirmou o diretor da escola."Estamos dentro da lei. Ela é igual para todos, e nosso projeto foi aprovado. Não adianta questionar porque apresentamos projeto."

Ranieri informou que os atletas olímpicos e a apresentação musical foram custeadas pelo próprio colégio. E ainda afirmou que a escola não usou verba pública para obras em suas dependências.

"As arquibancadas e a cobertura são provisórias. Se fosse para fazer obra, seria com nossos próprios recursos", afirmou o diretor.

A Folha perguntou ao Ministério do Esporte, por meio de sua assessoria de imprensa, se considera imoral aprovar um projeto que beneficia uma escola de elite com recursos públicos, mas a pasta se recusou a responder.O ministério também evitou responder se, casos como o do Dante, escancaram falhas na redação da lei.

A assessoria da pasta limitou-se a dizer que "o ministério aprova todos os projetos que estão enquadrados tecnicamente na lei, que prevê o apoio de projetos de esporte de cunho educacional."

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