Ex-deputado preso com 108 acusações

Apontado como um dos precursores da Máfia dos Sanguessugas - esquema de liberação de recursos federais através de emendas parlamentares para a compra superfaturada de ambulâncias - o ex-deputado federal Lino Rossi (PP-MT) foi preso ontem em Brasília por ordem do juiz da 2ª Vara Federal do Mato Grosso, Jefferson Schneider. Rossi estava no Aeroporto de Brasília e se preparava para embarcar num avião da TAM com destino a São Paulo quando recebeu voz de prisão. Foi levado algemado para a Superintendência da Polícia Federal na capital.

Hoje, será transferido para Cuiabá, onde presta depoimento no processo envolvendo o empresário Darci Vedoin, dono da Planam - empresa que intermediava as vendas - e 26 prefeituras. Deflagrada no ano passado, a Operação Sanguessuga resultou na abertura de 84 inquéritos contra deputados federais, a grande maioria tramitando atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF) por causa do foro especial. No Congresso, o escândalo gerou a abertura de 72 processos de cassação de mandato (69 deputados e três senadores). No final, 18 deputados e os três senadores foram absolvidos, e o restante nem chegou a ser julgado porque muitos não se reelegeram ano passado e a legislatura se encerrou.

Indiciado no inquérito da Polícia Federal e réu na Justiça Federal, Rossi é acusado 108 vezes por formação de quadrilha, corrupção passiva, fraude, lavagem de dinheiro e ocultação de bens. Foi preso porque estava obstruindo o trabalho da Justiça. Segundo o despacho do mandato de prisão preventiva assinado por Schneider, recusou-se a atender os oficiais de justiça e, em várias ocasiões, deixou de comparecer às audiências. Como não se reelegeu no ano passado, perdeu a imunidade parlamentar, e sua prisão acabou sendo decretada pelo juiz de primeira instância. Na lista de parlamentares mato-grossenses denunciados está também a ex-deputada Celcita Pinheiro, mulher do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), atual secretária de Promoção Social da Prefeitura de Cuiabá.

Lino Rossi foi o primeiro parlamentar a se associar ao esquema de desvio de recursos organizado pela Planam. Teria recebido R$ 3 milhões em propina e por pouco não acabou arrastando com ele o senador Magno Malta (DEM-ES), que chegou a ser investigado no Conselho de Ética pela suspeita, nunca provada, de que teria recebido uma van dos Vedoin em troca de emendas que apresentaria para sustentar a compra de ambulâncias. Durante as investigações, num depoimento recheado de contradições, Lino Rossi chamou para si a responsabilidade do caso e disse que emprestara o veículo por amizade ao senador Magno Malta. Ficaram dúvidas, mas o relator do processo, Demóstenes Torres (DEM-GO) achou melhor pedir a absolvição do colega de partido.

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