Juan Carlos Abadía oferece R$ 61 milhões para obter benefício


A Justiça Federal não aceitou a proposta feita pelo traficante colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía de entregar entre US$ 30 e US$ 40 milhões, que estariam escondidos no país, em troca de uma lista de benefícios, começando pela anulação de sua pena e sua extradição para os Estados Unidos.

De acordo com o Ministério Público Federal, que recebeu oficialmente nesta quarta-feira o pedido de acordo, Abadía se comprometeu a entregar o dinheiro caso obtivesse da Justiça os benefícios. Até ser extraditado, o traficante pediu para ser transferido para um presídio com menos segurança em Itaí (301 km a oeste de São Paulo). Atualmente, ele está no presídio federal de segurança máxima em Campo Grande (MS).

O traficante também ofereceu a delação de um brasileiro que trabalharia para ele e outras três pessoas de sua organização criminosa, que estariam fora do Brasil, à Justiça dos EUA. Como último pedido, o colombiano quer a extinção da pena de sua mulher, Yessica Paola Rojas Morales.

O acordo foi analisado pela procuradora Thamea Danelon Valiengo, que não se opôs a nenhum deles, segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público Federal. Ela não fez comentários somente sobre o presídio de Itaí, que disse desconhecer. No entanto, no início da tarde de hoje, o juiz federal Fausto Martin de Sanctis não concordou com nenhum dos itens e recusou o acordo com Abadía, segundo a assessoria da Procuradoria Federal.

Na semana passada, a Justiça leiloou três imóveis do traficante no valor de R$ 4,4 milhões --um em Angra dos Reis (RJ), outro em Florianópolis (SC) e um no interior de Minas, em Pouso Alegre.

Histórico

Herdeiro do cartel de Cáli, Abadía é apontado como chefe do influente cartel do Norte do Vale da Colômbia. Nos Estados Unidos, ele é acusado de traficar drogas no Colorado e em um dos distritos de Nova York e é apontado pelo DEA (agência antidrogas americana) como o chefe do cartel, que teria enviado mil toneladas de cocaína para aquele país. Ele ainda é acusado de ordenar 315 assassinatos --300 na Colômbia e 15 nos EUA.

No Brasil, até onde a Polícia Federal apurou, Abadía não teria traficado cocaína. Ele usava o país para lavar o dinheiro que arrecadou em mais de 20 anos de tráfico --as autoridades dos EUA estimam que sua fortuna possa ser de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões).

Segundo a PF, Abadía usava uma rede de 17 empresas para lavar dinheiro. As empresas ficam em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul e cobrem negócios que vão de computadores a alimentos, de perfume a carros, de jet ski a piscicultura.

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