Governo estuda corte de tarifas de importação


O governo federal poderá promover uma redução de alíquotas de importação como instrumento para conter a inflação. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge, essa alternativa será discutida nos próximos dias com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no âmbito da Câmara de Comércio Exterior (Camex). O Ministério da Fazenda fará um mapeamento dos segmentos que estão registrando maior aumento de preços, para que a possível redução seja feita de maneira seletiva, explicou Miguel Jorge.

O ministro disse que um dos setores que poderá ter corte de alíquota é o aço. "Houve aumentos muito grandes em relação ao aço e se for comprovado o impacto inflacionário desses aumentos é possível que sejam zeradas as alíquotas de determinados tipos do produto." Na avaliação de Miguel Jorge, o Brasil tem uma escala de produção de aço muito grande, o que viabiliza importações, sobretudo em função da situação cambial atual, bastante favorável.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse aos ministros que o acompanham à viagem ao Haiti e El Salvador que é grande a preocupação com a inflação nos próximos meses e que o esforço de contenção não pode ficar apenas a cargo do Banco Central, por meio do controle da taxa de juros.

O presidente pediu então que cada ministério encontre políticas de contenção inflacionária. As instruções foram passadas no avião presidencial, durante a viagem entre os dois países. Na opinião do presidente , o aumento internacional do preço de commodities agrícolas é o principal fator de alta inflacionária.

Lula sinalizou, entretanto, que uma eventual redução de alíquotas terá limites. Ao discursar para empresários na abertura de um encontro entre investidores do Brasil e da América Central, o presidente disse que a redução não pode afetar o setor produtivo, ao comentar sobre as negociações da Rodada Doha.

"Todos sabem aonde o sapato está apertando. No G-20, precisamos flexibilizar as tarifas na indústria e nos serviços, mas não a ponto de ver a indústria decrescer por conta de uma enxurrada de produtos do Primeiro Mundo. No Brasil, faz pouco tempo que começamos a crescer e não podemos flexibilizar a ponto de impedir o crescimento. Não são poucas as reuniões que temos feito a respeito, mas ainda não chegamos a um ponto de consenso", afirmou Lula.

Sobre o grau de investimento concedido ao Brasil da agência de risco Fitch, o presidente Lula disse ter ficado "feliz" com "a notícia de que uma segunda agência reconheceu o Brasil como investment grade. Estamos colhendo aquilo que foi plantado pelo governo brasileiro. Quem trabalha com seriedade termina conquistando seus objetivos", afirmou.

Em Brasília, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou que o governo poderá baixar a alíquota de importação de produtos que estejam pressionando a inflação interna. Ele lembrou que o governo já adotou esse tipo de medida para o aço e para o trigo, itens que têm apresentado grande elevação de preços, ainda que influenciados por altas no mercado externo. "Já baixamos (a alíquota de importação) do aço e do trigo. Se houver outros produtos cuja redução da tarifa de importação possa reduzir o preço, nós faremos o mesmo", disse Mantega.

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