O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que "dá graças a Deus" por ter aprendido com as três derrotas nas eleições presidenciais de 1989, 1994 e 1998. "Aprendi muito com as três derrotas que tive. Fico imaginando se eu tivesse chegado a presidente da República em 1989 com o partido inexperiente, em que ao invés de programa de governo a gente, muitas vazes, fazia uma pauta de reivindicação, como se nunca fôssemos chegar ao governo", afirmou.
O ex-deputado e hoje presidente da República ressaltou que nos trabalhos constituintes sempre posicionou-se "à esquerda" de colegas como Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso, então deputados peemedebistas que integravam o Movimento de Unidade Popular (MUP) e, posteriormente, fundadores do PSDB.
"Hoje estou mais maduro, embora continue tendo as mesmas vontades de antes", disse o presidente.
Na Presidência da República, Lula afirma que, "quer queira ou não", antes de fazer as coisas que se deseja é necessário "medir e avaliar as condições do País" e que toda prudência não significa trair os compromissos de origem.
O processo de amadurecimento político, na opinião do presidente da República, reside justamente em "conseguir fazer as coisas acontecerem", mesmo que demandem tempo.
Na regulamentação da economia, por exemplo, Lula avaliou que processos históricos como a queda do Muro de Berlim obrigaram governantes e parlamentares a promoverem mudanças para adequar a Constituição ao mundo globalizado. Entretanto, ressaltou que não promoveria mudanças como a quebra do monopólio do petróleo feitas pelo antecessor Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo assim, ele ressalvou que as adequações feitas ao texto constitucional tornaram-se "pequenas diante da grandiosidade da Constituição".
Na avaliação de Lula, o maior mérito da Assembléia Nacional Constituinte foi a mobilização popular. Ele considera que a pressão dos mais variados segmentos sociais sobre os constituintes proporcionou os avanços sociais e as garantias individuais previstos na Constituição Cidadã.
"Penso que fizemos uma Constituição extremamente avançada, que foi, possivelmente, menos sabedoria dos constituintes e mais uma participação popular como jamais houve na história desse País", disse.
Na Constituinte, Lula e a bancada petista travaram um dos mais aguerridos embates da época: o mandato do presidente da República e a definição do sistema de governo.
"Com a experiência que tenho, posso dizer que quatro anos é muito pouco num País que tem eleições a cada dois anos para cumprir um programa de governo", afirma.
Ao contrário de Itamar Franco, outro parlamentar constituinte que passou pela Presidência da República, Lula considera que as reformas ainda necessárias ao aperfeiçoamento do texto constitucional devem ser feitas pontualmente e não por uma Assembléia Constituinte. Na sua opinião, os princípios fundamentais previstos na Constituição devem permanecer inalterados.
Lula considera passíveis de mudanças as regras tributárias e político-partidárias, para se adequarem a uma nova realidade. Segundo ele, não há como falar de "ética e moralidade" sem uma ampla reforma do sistema político vigente.
O presidente lembrou que muitas das crises pelas quais o País tem passado decorrem da fragilidade das organizações políticas. Lula ressaltou que, ao enviar ao Congresso uma proposta de reforma, a intenção foi de tentar demonstrar a necessidade de dar prioridade ao tema.Agência Brasil
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