O governador Aécio Neves (PSDB) vai convidar o colega de São Paulo, José Serra (PSDB), para percorrerem juntos os estados brasileiros atrás de votos nas prévias que escolherão o candidato do partido a presidente da República nas eleições de 2010. O assunto será tratado entre os dois durante conversa que será agendada logo depois do feriado do carnaval. Em março, o governador mineiro já anunciou que iniciará uma série de viagens — em um primeiro momento, pelas capitais do Nordeste, região onde é menos conhecido.
A proposta — se aceita por Serra —, segundo Aécio Neves, mostraria que não há divisão ou rachas na legenda em razão da disputa. “Quem sabe possamos caminhar juntos pelo Brasil, coordenados pela direção nacional do partido, mostrando que mais que qualquer projeto individual, prevalece o projeto de país que o PSDB tem. Aqueles que apostam nas prévias como um instrumento de divisão do partido e acirramento dos ânimos, alguns talvez até torçam para isso, se decepcionarão”, afirmou.
Na segunda-feira à noite, durante um jantar no Palácio dos Bandeirantes, o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), informou a José Serra que o partido deverá realizar as prévias — e ouviu do paulista que estaria disposto a disputar a indicação para as eleições do ano que vem. Até então, os aliados do governador de São Paulo eram os mais resistentes à realização das prévias e estavam trabalhando para um consenso interno que garantisse a sua candidatura. Por outro lado, Aécio vem insistido na tese de ouvir a opinião das bases do partido para uma definição do candidato à sucessão presidencial.
O seu principal aliado tem sido Sérgio Guerra, que recentemente veio a Belo Horizonte para uma conversa no Palácio da Liberdade. Na ocasião, veio acalmar os ânimos: no dia anterior à sua vinda, Serra havia anunciado a nomeação do ex-governador Geraldo Alckmin para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, medida que foi vista como uma jogada de Serra com o objetivo de atraí-lo para seu grupo.
Legitimidade
Para Aécio, as prévias não indicarão a existência de um “vitorioso” ou um “derrotado” dentro do PSDB. Até porque, afirmou que, se depender de seus gestos, os tucanos estarão “unidos”. “As prévias não são contra ninguém. É legítimo que cada um tenha o seu projeto, mas todos nós temos respeito com o Brasil ”, afirmou. A ideia dos tucanos é que as prévias sejam realizadas entre agosto e dezembro deste ano, ou no mais tardar, início de 2010. A pressa tem motivo: os tucanos querem uma resposta à movimentação do governo federal em torno da candidatura da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff.
Apesar da disposição, o PSDB ainda não sabe, porém, como será a formatação das eleições internas que escolherão o candidato tucano à Presidência da República. O secretário-geral da Executiva Nacional do PSDB, Rodrigo de Castro, afirmou ontem que o PSDB aguarda o resultado da consulta feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para traçar o modelo das prévias no PSDB. “Há várias hipóteses possíveis. Mas tudo depende dessa consulta, que deverá apontar os limites de gastos em publicidade, na operacionalização das prévias para que o partido possa definir que modelo de consulta interna adotará”, disse ele.
Na consulta, feita em janeiro, o PSDB pergunta a partir de quando é permitida a realização das prévias partidárias e se os eleitores não-filiados ao partido poderiam participar. Ao explicar sobre os modelos de prévias adotados por diferentes partidos no mundo todo, o cientista político e professor da UFMG Carlos Ranulfo considera ser competência das legendas regulamentarem as prévias eleitorais. “Não vejo necessidade de consulta à Justiça Eleitoral”, afirma. “Geralmente os próprios partidos definem as regras, que podem ser abertas a todos os militantes ou podem ser restritas aos delegados de convenções”, assinala Ranulfo.
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