O PT trabalha com duas hipóteses para a sucessão em São Paulo: o ex-ministro Antonio Palocci, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou um nome novo que possa se beneficiar da previsível polarização com o candidato do governador José Serra (PSDB). Alguém como o ministro Fernando Haddad (Educação) ou o ex-prefeito de Guarulhos Elói Pietá; passando por Emídio Souza, prefeito de Osasco, e Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Câmara.
Entre prefeitos, deputados - estaduais e federais - e militantes aumentou a resistência à candidatura do ex-ministro. Não é nada contra o Palocci. Trata-se de uma avaliação pragmática, de cunho eleitoral, segundo a qual não basta o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitar o pedido de abertura de processo contra Palocci pela quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Para ter viabilidade eleitoral, Palocci precisa também ser reabilitado politicamente.
A dúvida que perpassa entre os petistas é como fazer uma campanha ofensiva em São Paulo, tendo Palocci como candidato? É difícil. Para a reabilitação, o PT paulista acha que Palocci precisa - depois de isentado (se for) pelo STF - de "uma nova missão que possa inseri-lo em alguma pauta positiva e de interação com a sociedade, quer seja com o empresariado ou com o trabalhador". Em linguagem direta: voltar ao governo.
Mas só voltar ao governo também não basta. É preciso que o ex-ministro assuma uma tarefa importante, mesmo que não seja na economia. Tarefa que imporia a ele uma nova relação com a sociedade, com a imprensa, com os atores políticos do país e o levaria a ser candidato em 2010 ou continuar no governo da Dilma. Como é novo e nem sequer chegou aos 50 (faz 49 anos em outubro), Palocci tem um tempo maior de recuperação - ou seja, não precisaria ser reabilitado para 2010.
Por determinação de Lula, o PT prepara uma agenda para Dilma Rousseff de modo que às sextas-feiras ela cumpra uma pauta administrativa em algum lugar do país, mas no sábado dedique-se a compromissos políticos organizados pelo PT. Em ambientes fechados e sem parecer comício para evitar confusão com a Justiça Eleitoral.
É uma agenda pesada. Mas se o Palocci vai para a Casa Civil, especula-se no PT paulista, libera a ministra - que receberia outra função no governo - para a pré-campanha. Palocci, por seu turno, teria uma avenida para trafegar rumo ao governo paulista.
Se não der, pelo menos organiza a transição, pois tem o apoio, respaldo e respeito de Lula e de Dilma. O que se articula em São Paulo, é bom ressaltar, requer o apoio e a aprovação de Lula, o que não é garantido.
No PT paulista a impressão generalizada é que a recusa da abertura de processo contra Palocci será algo politicamente desgastante. O fato de o STF recusar não significa que o episódio deixará de ser utilizado no processo eleitoral, na linha do poderoso que pisou na cabeça de um "pobre caseiro".
Por isso há resistência ao "é o Palocci porque tem que ser o Palocci e ponto". Pode sim ser o ex-ministro, "mas inserido em um contexto que signifique uma boa performance do partido em São Paulo". Do contrário, como diz um integrante da cúpula petista, "nós vamos entrar num negócio desses pela vontade do Lula e vai acabar não dando certo. De novo".
O "de novo" se refere à preferência dada por Lula ao senador Aloizio Mercadante nas eleições de 2006, em detrimento da ex-prefeita Marta Suplicy.
A pergunta é: "Palocci será um bom candidato"? Na dúvida, não seria melhor renovar e sair alguém que comece do zero mas com potencial de chegar aos 50% mais um?
A avaliação dos paulistas é que assim como Lula está fazendo de Dilma Rousseff uma candidata com viabilidade eleitoral numa disputa a presidente da República, o PT de São Paulo deve aproveitar a tendência de polarização entre o candidato do PT e o nome a ser lançado pelo governador José Serra para criar uma novidade em São Paulo, Estado desde 1982 governado dentro da configuração PMDB-PSDB.
A possível fadiga de material tucano é o que anima o PT.
Serra, no discurso em articulação do PT, está no poder desde 1982, quando foi secretário do então governador Franco Montoro. Já Aloysio Nunes Ferreira Filho, secretário de Governo de Serra a provável candidato do tucano em 2010, foi vice do ex-governador Antonio Fleury Filho, cria do ex-governador Orestes Quércia, um político antes desavindo mas agora aninhado com os tucanos.
Aliás, os petistas esperam que a aliança José Serra-Orestes Quércia fortaleça a imagem de que um mesmo grupo está no poder desde 1982. Uma aposta de que talvez o eleitorado não tenha nitidez das diferenças entre pemedebistas e tucanos paulistas, nesse período.
Nas pesquisas qualitativas a que o PT teve acesso, Geraldo Alckmin já não disporia da mesma força que tinha em 2006, seu último ano de governo. O nome que o partido espera enfrentar do PSDB é Aloysio Nunes Ferreira.
A dificuldade histórica do PT em São Paulo, na disputa presidencial, por outro lado, é debitada na conta da imagem do presidente Lula no Estado, sempre vista com certo preconceito, de acordo com a avaliação corrente no partido. Agora, com o advento do nome Dilma, o PT ainda não sabe qual será o comportamento do eleitorado paulista. Mas supõe que ela pode ter uma aceitação maior que Lula, porque a ministra da Casa Civil agrega toda a base do presidente e ainda pode crescer.
O discurso, a articulação e a capacidade administrativa, o fato de ela ser mulher, um quadro que não era do PT - era filiada ao PDT -, enfim, tudo isso deve contar favoravelmente a Dilma em São Paulo. E, consequentemente, à candidatura de um nome novo ao governo do Estado que abriga o maior colégio eleitoral do país e onde PT e PSDB não podem errar, sob pena de dar adeus a 2010.
Esse é outro debate que temos que fazer o quanto antes...
ResponderExcluirSerra já tá se preparando faz tempo...
Bjus
Will