Bruxelas premia cachaça de Goiás

A cachaça Alma Gêmea Platina (incolor, sem envelhecimento em madeira), produzida na Fazenda Ouro Verde, em Planaltina de Goiás (GO), conquistou seu terceiro prêmio em apenas quatro anos. A medalha de prata do Concurso Mundial de Bruxelas — um dos mais respeitados da Europa — foi recebida por seu produtor, José Antônio Pires Gonçalves, 77 anos, em Petrolina (PE) este mês. Após avaliarem 22 destilados finos às cegas, jurados internacionais e brasileiros premiaram apenas seis bebidas.

Em 2005, a cachaça foi eleita a melhor do ano pela Confraria da Cachaça do Brasil, instituição comprometida com a melhoria da qualidade do produto nacional. Em abril deste ano, a Alma Gêmea Platina foi agraciada com a medalha de prata em um dos mais rígidos concursos de destilados do mundo, o San Francisco Word Spirits Competition, realizado no estado da Califórnia (EUA). A mesma premiação foi conferida ao rum Barão do Cerrado, também produzido por Gonçalves, que passou a ser chamado de Rei dos Destilados por alguns apreciadores de bebidas em Brasília, onde reside. Nos EUA, a Alma Gêmea Ouro (envelhecida em tonéis de carvalho) conquistou a medalha de bronze.

O alto padrão de qualidade é garantido pela produção limitada a 35 mil litros anuais (cerca de 40 mil garrafas) e por equipamentos tecnologicamente modernos. Uma análise laboratorial feita pelo respeitado Centro Tecnológico de Alimentos (Cetea), de Minas Gerais, mostra que a Alma Gêmea tem apenas 0,5 miligramas de cobre por litro. São comuns cachaças com até cinco miligramas, o máximo aceito pelo Ministério da Agricultura.

O volume de metanol é zero e o total de aldeídos não passa de 3 miligramas a cada 100 mililitros de álcool anidro. Algumas cachaças consideradas boas estão próximas do teto aceito pelo governo, que é de 30 miligramas. “É necessária uma produção metódica, cuidadosa”, afirma Gonçalves, com ampla dose de carinho em relação às bebidas que produz. Esses números se traduzem em uma cachaça sem cheiro de pinga, de cor límpida ou atraentemente amarelada (depende do envelhecimento em carvalho ou amburana), de lágrimas lentamente chorosas no copo, com descida redonda e persistência saborosa. Antes de chegar ao paladar do consumidor, a Alma Gêmea é bidestilada, passando por cinco filtragens e medições com termômetro, sacarímetro e alcoômetro. Sem esses instrumentos é impossível garantir um padrão de qualidade à produção de qualquer cachaça.

As conquistas da Alma Gêmea rendem bons frutos. A importadora francesa de destilados, Part des Anges, de Paris, que compra cachaças Alma Gêmea branca e Ouro para a Europa há três anos, aumentou a encomenda. O volume subiu de 6 mil para 10 mil garrafas exportadas para países como França, Bélgica, Finlândia e Noruega.

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