A um ano da definição do sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva, a oposição está inibida diante da popularidade do presidente, sem agenda clara, com dificuldades de agir de forma coesa e vendo um peso cada vez maior do Executivo na definição de prioridades do país. É dessa maneira que, segundo a cientista política Magna Maria Inácio, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), PSDB e DEM chegarão a 2010 com o objetivo de impedir Lula de eleger seu sucessor. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
FOLHA - A aprovação de Lula por dois terços dos brasileiros inibe a oposição?
MAGNA MARIA INÁCIO - Inibe, porque a própria oposição tem dificuldade de construir uma agenda alternativa. E atua muito mais no sentido de tentar modificar a agenda do presidente ou de trabalhar com obstrução, para forçar o governo a negociar sua agenda.
FOLHA - Em relação à era FHC, a oposição perdeu caráter ideológico? Tornou-se mais circunstancial?
INÁCIO - A oposição tem dificuldade de agir de forma coesa. Até porque tem um perfil diferente de quando o PT estava nesse campo. Era um comportamento mais fiscalizador, mas que, pelo próprio tamanho naquela época, influenciou pouco.
FOLHA - A coalizão do governo Lula influencia esse comportamento?
INÁCIO - Coalizões supermajoritárias reduzem muito a capacidade de atuação das oposições. No caso de FHC, era uma coalizão mais homogênea. Isso permitiu ao governo atuar no Legislativo com maior previsibilidade, embora houvesse deserções. No caso de Lula, a coalizão é muito heterogênea.
FOLHA - O governador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à Presidência, costuma elogiar o governo. Isso reflete maturidade ou receio de bater no presidente?
INÁCIO - Isso reflete a força do Executivo no Brasil. Temos um Executivo muito forte do ponto de vista de controle dos recursos públicos, de definição da agenda legislativa e do perfil de políticas públicas. Isso reduz o incentivo aos partidos a se definirem como oposição.
FOLHA - De que maneira a oposição poderia influir nessa agenda?
INÁCIO - O ponto importante, nos últimos tempos, tem sido a judicialização da política. O recurso ao Judiciário como forma de reverter decisões ou garantir direitos. São os próprios partidos que acionam [o Judiciário]. O espaço para a competição política, no que se refere à agenda do governo, deveria ser o Legislativo. O acionamento do Judiciário é uma transferência de poder, um processo difícil para as próprias oposições.
FOLHA - A linha que hoje separa a oposição da situação é mais tênue do que no governo passado?
INÁCIO - O que observamos foi um aumento no nível de indisciplina nos partidos de oposição, deputados votando com o governo. O fato de o governo ser mais heterogêneo facilita para atrair votos de quem está na oposição, mas que sofre influência governista. Há uma dificuldade cada vez maior de líderes fazerem com que seus legisladores se comportem efetivamente como oposição.
FOLHA - A aprovação de Lula por dois terços dos brasileiros inibe a oposição?
MAGNA MARIA INÁCIO - Inibe, porque a própria oposição tem dificuldade de construir uma agenda alternativa. E atua muito mais no sentido de tentar modificar a agenda do presidente ou de trabalhar com obstrução, para forçar o governo a negociar sua agenda.
FOLHA - Em relação à era FHC, a oposição perdeu caráter ideológico? Tornou-se mais circunstancial?
INÁCIO - A oposição tem dificuldade de agir de forma coesa. Até porque tem um perfil diferente de quando o PT estava nesse campo. Era um comportamento mais fiscalizador, mas que, pelo próprio tamanho naquela época, influenciou pouco.
FOLHA - A coalizão do governo Lula influencia esse comportamento?
INÁCIO - Coalizões supermajoritárias reduzem muito a capacidade de atuação das oposições. No caso de FHC, era uma coalizão mais homogênea. Isso permitiu ao governo atuar no Legislativo com maior previsibilidade, embora houvesse deserções. No caso de Lula, a coalizão é muito heterogênea.
FOLHA - O governador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à Presidência, costuma elogiar o governo. Isso reflete maturidade ou receio de bater no presidente?
INÁCIO - Isso reflete a força do Executivo no Brasil. Temos um Executivo muito forte do ponto de vista de controle dos recursos públicos, de definição da agenda legislativa e do perfil de políticas públicas. Isso reduz o incentivo aos partidos a se definirem como oposição.
FOLHA - De que maneira a oposição poderia influir nessa agenda?
INÁCIO - O ponto importante, nos últimos tempos, tem sido a judicialização da política. O recurso ao Judiciário como forma de reverter decisões ou garantir direitos. São os próprios partidos que acionam [o Judiciário]. O espaço para a competição política, no que se refere à agenda do governo, deveria ser o Legislativo. O acionamento do Judiciário é uma transferência de poder, um processo difícil para as próprias oposições.
FOLHA - A linha que hoje separa a oposição da situação é mais tênue do que no governo passado?
INÁCIO - O que observamos foi um aumento no nível de indisciplina nos partidos de oposição, deputados votando com o governo. O fato de o governo ser mais heterogêneo facilita para atrair votos de quem está na oposição, mas que sofre influência governista. Há uma dificuldade cada vez maior de líderes fazerem com que seus legisladores se comportem efetivamente como oposição.
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