Caos em S.Paulo e Serra sumiu

Ao menos seis mortes, pessoas ilhadas por toda a parte, 105 pontos de alagamento, vários deles nas marginais Tietê e Pinheiros, trânsito parado, bairros no escuro, cerca de mil desabrigados. Esse é o saldo da chuva de ontem na região metropolitana de São Paulo, que praticamente não parou entre a noite de segunda-feira e o início do dia de ontem. Durante 24 horas, caíram sobre a capital 64,4 mm de água, em média, um terço de toda chuva esperada para dezembro.

Os bairros mais atingidos por alagamentos na capital foram Lapa e Barra Funda, na Zona Oeste, e Casa Verde, na Zona Norte. A chuva também foi forte em bairros da Zona Leste, como Itaquera e Guaianazes. A queda de árvores atingiu a rede elétrica - foram 13 quedas, segundo os Bombeiros.

Andar pela cidade, pela manhã, foi tarefa difícil. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou 127 quilômetros de congestionamento às 9 horas - apesar de não ser recorde, é um trânsito acima da média. No aeroporto Campo de Marte, para voos de menor porte, só helicópteros operaram. Três linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que atende à região metropolitana e cidades mais próximas do interior, foram prejudicadas. Os trens ficaram parados por mais de dez horas entre Caieiras e Jundiaí.

A situação começou a se normalizar no meio da tarde, quando o gráfico de trânsito da CET acusava uma queda considerável de congestionamento em relação ao período da manhã.

Nos últimos oito dias, choveu 70% do esperado para todo o mês -parte da região metropolitana já tinha ficado debaixo d"água na semana passada, quando sete pessoas morreram por causa de deslizamentos. Da semana passada para cá, portanto, a Grande São Paulo já registrou 12 mortes por causa das chuvas, número que supera o total de mortes registradas no Rio Grande do Sul, um dos Estados mais afetados pelos temporais dos últimos meses - lá, foram registradas oito mortes.

Segundo as autoridades paulistas, a culpa de tanto estrago é do volume de água que vem caindo. Mas as falhas do poder público são evidentes. A bomba de uma usina na marginal Pinheiros, instalação sob responsabilidade do governo do Estado que ajuda a diminuir o nível do rio e alivia a situação também no Tietê, não funcionou. Já a prefeitura da capital sequer tem um plano contra enchentes - a cidade não fez até hoje um diagnóstico nem apresentou as ações de prevenção exigidas numa lei federal que está em vigor há três anos.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), chegou a dizer que a chuva teve algo de "positivo", pois mostrou que algumas das obras antienchente funcionaram. O secretário de coordenação das subprefeituras, Ronaldo Camargo, também atribuiu as inundações à chuva dos últimos dias. "Nós teremos sempre um resultado satisfatório na medida em que não tivermos uma quantidade pluviométrica tão grande como essa", afirmou. O governador José Serra (PSDB) passou o dia no gabinete e, no fim da tarde, viajou para Brasília. Até o início da noite, não havia aparecido para dar esclarecimentos.

Além do volume excessivo de chuva (na Bacia do Alto Tietê foi equivalente a dois terços do total previsto para dezembro), especialistas citaram a ocupação das várzeas do rio e a impermeabilização da capital como causas dos transbordamentos dos rios Tietê e Pinheiros e também dos pontos de alagamento na região metropolitana de São Paulo. Essa foi pelo menos a terceira vez desde 2005 em que houve transbordamento do Tietê - duas delas já depois da conclusão do projeto de rebaixamento da calha, bandeira do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), ao custo de mais de R$ 1 bilhão, com a promessa de praticamente acabar com as enchentes nas marginais.



A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Zona Oeste, interrompeu o serviço desde às 8 horas devido ao alagamento no local. Um balanço das perdas pelo fechamento será divulgado hoje, de acordo com a companhia. A assessoria da instituição afirma que não há registro de mercadorias estragadas, pois os comerciantes foram precavidos e armazenaram os produtos em um local mais elevado, para evitar o contato com a água.

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