Sucessão de Gabrielli na Petrobras preocupa mercado

A quatro meses do prazo de desincompatibilização para quem pretende se candidatar nas eleições de 2010, analistas de mercado e consultores traçam possíveis cenários da sucessão na Petrobras se o seu presidente, José Sérgio Gabrielli, resolver voltar à política.

Candidato a deputado federal em 1982 e ao governo da Bahia em 1990, sempre pelo PT, Gabrielli é cogitado para a disputa de uma das vagas para o Senado na Bahia. Ele diz que não é candidato e que não pretende disputar cargo nenhum no ano que vem. Ao deixar a presidência da maior empresa da América Latina, aos 61 anos (completou 60 em outubro) pretende voltar a dar aulas de macroeconomia e teoria do petróleo na Universidade Federal da Bahia, da qual é professor licenciado.

Garante que se fosse candidato já teria que ter saído da Petrobras, de preferência para ocupar um cargo de secretário do governador Jaques Wagner (PT-BA), pois a disputa teria que ser preparada bem antes do lançamento oficial da candidatura. Ademais, afirma que não tem perfil de candidato porque "não sabe pedir votos".

Ao substituir José Eduardo Dutra, presidente eleito do PT, no comando da Petrobras, Gabrielli foi recebido com desconfiança pelo mercado por suas ligações políticas com o PT. Desfeitos os temores, as apreensões agora se voltam a uma sucessão que pode vir a acontecer em meio ao debate do novo marco regulatório do setor de petróleo, que está prestes a receber uma injeção de capital bilionária através da transferência, pela União, de 5 bilhões de barris de petróleo.

A forma como Gabrielli negociou a participação da estatal no novo modelo agradou o mercado. A companhia esteve perto de se tornar uma prestadora de serviços mas acabou ganhando 30% de todas as áreas do pré-sal, onde será a única operadora, o que significa uma vantagem incalculável perante as outras empresas que atuarem aqui.

As opiniões sobre sua sucessão divergem. A preocupação maior é com a possibilidade de o cargo ser ocupado por alguém de fora da estrutura da empresa. Um analista de um grande banco resume assim uma visão que é compartilhada por outras fontes ouvidas pelo Valor: "A situação é igual à sucessão no Brasil em 2002. Depois que o Lula foi eleito e o Dutra foi para a Petrobras no lugar do (Francisco) Gros nada mais assusta", afirma.

Caso a presidência seja ocupada por um dos atuais diretores, a avaliação geral é que não haveria traumas. E a opção seria melhor do que a de algum político "desorientado", nas palavras de um analista. "A continuidade seria mantida se o substituto for um dos diretores. A Petrobras tem os processos muito bem amarrados e qualquer um que esteja no cargo não provocaria grande descontinuidade", avalia outra fonte.

Os nomes mais cotados para um mandato-tampão na Petrobras são o de Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento e Refino, e o de Almir Barbassa, diretor financeiro, que é o preferido do mercado. A maioria avalia que Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia, é certa na presidência se Dilma Rousseff for eleita presidente do país nas eleições de 2010. Não há ainda nomes ventilados para uma possível indicação caso o PSDB de José Serra vença, dado o atual distanciamento do partido em relação à Petrobras, que tem hoje sua diretoria dividida entre PT, PMDB (Jorge Zelada, da área internacional) e PP (com Paulo Roberto Costa na área de Abastecimento e Refino).

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