O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), afirmou ontem que não aceita pressões para desistir de disputar o Senado por Minas Gerais e concorrer a vice-presidente na chapa do governador de São Paulo, José Serra. "Os companheiros do PSDB sabem que este tipo de pressão comigo não funciona. Tenho uma clareza muito grande de quais são minhas prioridades", afirmou, em entrevista coletiva após uma inauguração.
Na segunda-feira, Aécio almoçou, em São Paulo, na casa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE) e o senador Tasso Jereissati (CE). Segundo Aécio, a reunião discutiu a formação de palanques estaduais. "Não iria para uma conversa como essa para ser pressionado", disse. Ainda neste mês, a executiva nacional do PSDB deve reunir-se em Belo Horizonte, provavelmente sem a presença de Serra. No dia 25, será o PPS, partido aliado, que fará um encontro na capital mineira.
De maneira pública, diversas lideranças do PSDB e de outros aliados pediram a chapa entre Serra e Aécio. Entre elas, os senadores tucanos Arthur Virgilio Neto (AM) e Alvaro Dias (PR), o presidente nacional do PPS, o ex-senador Roberto Freire e o senador José Agripino Maia (DEM-RN).
O Democratas reivindica o posto, caso Aécio não aceite. "Sem Aécio, o vice é do DEM. Sem nenhuma dúvida", afirmou o ex-prefeito Cesar Maia, por e-mail à agência Reuters.
Durante o almoço, Sérgio Guerra teria afirmado que o candidato a vice de Serra será do PSDB ou do DEM, o que descartaria o nome do ex-presidente Itamar Franco, que é do PPS.
Porém, Aécio disse não acreditar que o político mineiro tenha sido descartado. "Acho que o presidente Itamar Franco é um nome qualificado para postular qualquer posto do Brasil. [...] Agora, não cabe a mim, nesse instante, no momento em que eu abdico da disputa [pela Presidência da República], fazer qualquer indicação que possa colidir com o sentimento do partido", reiterou.
Apesar do tom categórico na entrevista, ao discursar na inauguração de uma central de serviços para expedição de documentos, o governador deixou em aberto o seu destino eleitoral neste ano. "Dentro de 60 dias me desincompatibilizarei para continuar servindo aos mineiros , onde os mineiros julgarem mais adequado", afirmou.
A indefinição sobre o destino do governador de Minas deve durar pelo menos até março, já que o governador de São Paulo dá mostras de que não irá antecipar o lançamento de sua candidatura presidencial. Serra também está sendo pressionado por diversas lideranças, inclusive Aécio, a declarar-se candidato o mais cedo possível, de modo a acelerar o estabelecimento das alianças regionais.
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