O PSDB paulista lançou a primeira de uma série de cartilhas voltadas à militância do partido. Com o título "Ideias a favor do Brasil", o livreto é apresentado como um espaço para o debate de temas e exposição das "vitrines" do partido.
O material da primeira edição, no entanto, resume-se a um amálgama de críticas ao terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3), elaborado pelo governo federal. Não é apresentada uma proposta alternativa.
Na estreia, o entrevistado é o presidente estadual, Mendes Thame, que traça diferenças entre o PNDH-3 do governo Luiz Inácio Lula da Silva e os dois anteriores, dos anos Fernando Henrique Cardoso.
Para Thame, o PNDH-3 pretende fortalecer um projeto autocrático de democracia direta: "Congresso e Judiciário teriam papel reduzido. No plano de Lula, há pouca preocupação com o cidadão comum e muita preocupação com o fortalecimento do Poder Executivo".
Thame também faz considerações sobre o papel do PT enquanto partido de esquerda: "O PT não assinou a Constituição de 1988 e até hoje não se sabe se realmente passou pelo revisionismo que caracterizou os partidos de esquerda". O presidente estadual da sigla chega a colocar em questão os reais objetivos petistas: "Fica a dúvida: a ala radical do PT de fato abdicou da luta armada, da revolução socialista?", questiona.
Questionado se o plano seria um resumo do programa de governo de Dilma Rousseff (PT), Thame diz: "Muito maldosamente, com certeza".
Na sequência, o livreto traz um artigo do jornalista Mauro Chaves, publicado no jornal o Estado de S. Paulo, explorando a mesma tese de que o PNDH-3 seria uma amostra do tipo de democracia que Dilma pretende implantar no país.
Por fim, o deputado federal João Almeida, da Bahia, questiona ações da ministra à frente da Casa Civil, em momentos de crise: "O que é que faz de fato a ministra Dilma Rousseff, que se mantém surda e muda enquanto a fogueira arde?". Almeida, seguindo uma lógica já explorada pelo presidente nacional da sigla, o senador Sérgio Guerra (PE), em artigos publicados em grandes jornais, prega que o atual governo, e, principalmente, sua candidata à sucessão, se inspiram nos princípios chavistas impostos à Venezuela no que tange à liberdade de expressão.
"Se Lula disse que não leu todas as páginas do PNDH, quem as leu, aprovou e remeteu à publicação?", questiona Almeida, oferecendo o que acredita ser a resposta: "Não cabe à ministra-chefe a análise de tudo o que chega às mãos do presidente para ele assinar?". A relutância de Dilma em se manifestar, à época das discussões sobre o PNDH-3, será explorada pela oposição, que quer levar ao eleitor a ideia de que, quando chamada à responsabilidade, Dilma se esquivou.
O candidato tucano José Serra e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso assinarão os próximos volumes. (VL)
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