Dirceu,"chefe da quadrilha"

Para Gurgel, ex-ministro comandou o esquema de "suborno"

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue e condene até o início de 2012 os réus do processo do mensalão. Nas alegações finais encaminhadas quinta- feira ao STF, Gurgel fez acusações sérias contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu que, segundo o procurador, comandou um esquema para "subornar" parlamentares em troca de apoio político e era "chefe da quadrilha".

Se os argumentos de Gurgel forem aceitos, José Dirceu, o ex-deputado José Genoino e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, poderão ser condenados a penas de cerca de 100 anos de prisão. No entanto, a legislação brasileira estabelece que a pena máxima não deve ultrapassar 30 anos.

Para o procurador, o esquema foi executado para atender às pretensões do núcleo político comandado por Dirceu. Gurgel sustenta que, ao assumir o cargo, ele recebeu a missão de formar a base aliada do governo Lula no Congresso.

"Mais do que uma demanda momentânea, o objetivo era fortalecer um projeto de poder do Partido dos Trabalhadores de longo prazo. Partindo de uma visão pragmática, que sempre marcou a sua biografia, Dirceu resolveu subornar parlamentares federais, tendo como alvos preferenciais dirigentes partidários de agremiações políticas", argumenta o procurador.

Gurgel afirma que o esquema do mensalão consistiu no repasse de recursos a parlamentares, especialmente a integrantes das cúpulas dos partidos, tendo como contrapartida apoio ao Governo Federal. Nesse contexto, segundo ele, o núcleo político teria se associado ao publicitário Marcos Valério e a dirigentes do Banco Rural, também acusados de envolvimento com as irregularidades.

CRIMES

No documento entregue no STF, Gurgel acusa os réus de terem praticado vários crimes diversas vezes. No caso do deputado Valdemar Costa Neto (PR), o procurador sustenta que ele cometeu 41 vezes o crime de lavagem de dinheiro.

Ontem, o procurador-geral esclareceu que quer a condenação de 36 dos 38 réus. Na véspera, ele tinha dito ser a favor da absolvição apenas do ex-ministro da Comunicação Luiz Gushiken. Mas ontem confirmou que também não foram encontradas provas suficientes para incriminar Antonio Lamas, ex-assessor de Valdemar Costa Neto.

Integrantes do STF temem que a demora para julgar o processo do mensalão leve à impunidade de parte dos acusados. Segundo eles, há o risco de ocorrer a prescrição, o que inviabilizaria o cumprimento de uma eventual pena pelo crime de formação de quadrilha.

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SAIBA +

O Banco Rural divulgou nota na qual sustenta que a manutenção das acusações contra quatro de seus executivos é um equívoco. "A acusação contesta, por exemplo, a veracidade de determinados empréstimos concedidos pelo Banco, os quais foram feitos de acordo com práticas de mercado e normas bancárias".

Após o recebimento das alegações, o STF abre prazo para que os advogados apresentem as defesas. Então, o ministro Joaquim Barbosa prepara o relatório pede a inclusão da ação na pauta.

Petista se diz "tranquilo"

José Dirceu considerou que o pedido de condenação não traz "qualquer prova material ou testemunhal" contra ele. Na avaliação do petista, as acusações feitas por Roberto Gurgel são "meras ilações".

"Suas acusações contra mim não trazem qualquer prova material ou testemunhal. São meras ilações extraídas de sua interpretação peculiar sobre minha biografia", afirmou Dirceu, em seu blog pessoal.

Em um texto intitulado "Aguardo o julgamento do STF com serenidade", o petista ressaltou que está "tranquilo" e que se defenderá das acusações com ainda mais "ânimo" e "dedicação". "O que está em jogo, acima da minha honra e liberdade, é a imagem do PT e do projeto de transformação social que representa", afirmou.

No texto, ele salientou que é inocente. "Eu vou aguardar o julgamento com serenidade, pois sei que, ao final desse doloroso processo, se imporá a justiça e cairá por terra a farsa montada contra mim." Ontem, o advogado confirmou a calma de Dirceu: "Meu cliente está sereno e tranquilo e confia na Justiça", disse José Luís Oliveira Lima.

Gurgel acredita que o STF vai julgar ainda neste segundo semestre o processo. "A expectativa é que ocorra ainda no segundo semestre ou no início de 2012, e que o STF acolha a acusação formulada pelo Ministério Público Federal", disse.

Gurgel frisou que a luta contra a corrupção "é ampla e generalizada" e qualquer caso será apurado. "O importante é que o MPF continue atuando em todo o País para reprimir esses gravíssimos delitos".

Um comentário:

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