Gravações da PF revelam plano para ‘eliminar’ juíza

A conversa ocorreu entre um dos presos e amiga, sobre a titular da 6ª Vara Federal Criminal

A máfia dos jogos ilegais quer tirar do seu caminho a juíza titular da 6ª Vara Federal Criminal, Ana Paula Vieira de Carvalho, responsável por ouvir a partir de hoje os depoimentos de 24 dos presos na Operação Furacão, da Polícia Federal. Nas gravações da PF, um dos detidos recebe visita de amiga, que afirma que “o negócio é eliminar a Ana Paula de Carvalho”. Serão interrogados hoje os bicheiros Antônio Petrus Kallil, o Turcão; Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães; e Aniz Abrahão David, o Anísio.

Nas conversas, a mulher diz saber da fama da juíza e que “ela é terrível”. O preso reclama de ter sua vida vasculhada a todo momento e propõe mandar Ana Paula de Carvalho “para Conchinchina”. No diálogo, a amiga do preso, que sugere a eliminação da magistrada, troca um dos sobrenomes da juíza, de Vieira por Pereira, mas cita corretamente a vara da qual é titular.

No grampo, o preso se mostra incomodado com a descoberta do pedido de quebra de seu sigilo bancário, feito por Ana Paula, ano passado. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) teria negado a solicitação porque, segundo o preso, um amigo o ajudou no julgamento. Ele ainda afirma nas conversas que, quando a solicitação chegou ao STJ, imediatamente tomou conhecimento.

Em uma das gravações, o preso reclama que a juíza não tem fundamento para pedir a quebra do sigilo e que tentaria conversar com ela para rever a decisão. Mas em diálogo entre os integrantes da quadrilha, admitem as dificuldades de lidar com Ana Paula, por ela ser a titular da 6ª Vara Federal, e não interina. O posto é ocupado pela juíza há oito anos.

Através de amigos no STJ, um dos presos descobre que já foi pego nas escutas conversando com empresários do ramo dos bingos e se desespera. Mas ele garante a um interlocutor que essas conversas tratam apenas de trabalho.

GRAMPOS DESCOBERTOS

As gravações ocorreram no fim de outubro, quando o envolvido já havia descoberto que seus telefones haviam sido grampeados. Para fugir das escutas da investigação, o denunciado passou a adotar a estratégia de utilizar o celular de um amigo íntimo.

Capitão Guimarães, que depõe hoje, revelou semana passada à Polícia Federal que sua renda declarada era R$ 360 mil por mês. O presidente da Liesa foi preso no último dia 13 de abril com 24 pessoas.

Ontem, o advogado Nelio Machado entrou com pedido de habeas corpus no Tribunal Regional Federal (TRF) para a libertação de Capitão Guimarães e seu sobrinho, Júlio Cesar Guimarães Sobreira. No documento, a justificativa é que não haveria mais necessidade da prisão, pois os dois já prestaram depoimento. Além disso, mandados de busca e apreensão já foram cumpridos em suas residências.

A mesma justificativa foi dada pelo ministro do STF, César Peluzo, quando soltou sábado os desembargadores José Eduardo Carreira Alvim, José Ricardo de Siqueira Regueira e Ernesto da Luz Pinto Dória (do TRT de Campinas, em São Paulo), e o procurador federal João Sérgio Leal Pereira.

O advogado também pediu que Julio e Guimarães não sejam transferidos para o presídio de segurança máxima de Campo Grande, Mato Grosso, pois as famílias dos presos moram no Rio.


Tratamento 'VIP' antes dos depoimentos: Garçom, ar condicionado e água gelada antes dos depoimentos

Os 17 presos pela Operação Furacão, que vieram de Brasília para prestar depoimentos no prédio da Justiça Federal, estão tendo um tratamento de primeira categoria. Enquanto aguardam a sua vez de depor, os presos - entre eles os bicheiros Turcão, Anísio Abrahão David e Capitão Guimarães - ficam em um ônibus com ar condicionado, onde um garçom serve água gelada e bebidas energéticas.

Turcão passa mal

O bicheiro Antonio Petrus Kalil, o Turcão, passou mal e precisou receber atendimento médico. Essa é a terceira vez que Turcão, de 82 anos, passa mal desde que foi preso pela primeira vez, dia 13 de abril.

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