A construtura JHSF está distribuindo cheques de R$ 40 mil para retirar cada uma das 70 famílias invasoras de um terreno que será parte do projeto de um shopping-condomínio orçado em R$ 1,5 bilhão, que terá apartamentos de até R$ 18 milhões. As casas formam parte da favela do Jardim Panorama, na zona sul de São Paulo.
O custo total da desocupação, cujo acordo foi assinado após reuniões das partes para que a ação de despejo não seja levada adiante, é de R$ 2,8 milhões -a construtora não confirma valores, .
No terreno, a construtora estenderá a área verde do condomínio, que será cercada por um muro. Do lado de lá, a favela continua, em área da prefeitura, que tenta judicialmente o despejo dos barracos.
Na última quarta-feira, uma fila de caminhões de mudança aportou na favela. Era preciso que a casa começasse a ser demolida para o morador receber o cheque -a maioria acertou pagar o valor da compra da moradia nova no dia da mudança.
Com os R$ 40 mil, é possível comprar, por exemplo, uma casa de um quarto na Pedreira (divisa com Diadema, a cerca de 15 km da favela).
O empreendimento, batizado de Parque Cidade Jardim, terá shopping, spa e 13 torres, entre residenciais e comerciais. O morador poderá trabalhar, comprar e ir ao médico sem ultrapassar os muros do local.
Lambaris e preás
Maria Gomes, 66, conta que chegou lá nos anos 1960. "Meu marido pescava lambari para o nosso almoço no rio Pinheiros.
Essa rua toda era uma horta que eu cuidava, até que as pessoas foram chegando do Norte passando por dificuldades." Os moradores estão divididos sobre a mudança. A desempregada Leila Aparecida Suzano, 29, é favorável.
"Saio de um barraco de madeira com dinheiro na mão para comprar uma casa num bairro longe, mas no meu nome. Vou finalmente ter algo para deixar para meus filhos", diz ela, que irá para o Jardim Guarujá (zona sul).
Já a empregada doméstica Marluce Gomes de Lima, 44, que trabalha no Itaim, lamenta a remoção. "Comprei uma casa em Vargem Grande Paulista e agora, em vez de levar 20 minutos até meu trabalho, vou levar duas horas e meia para ir e o mesmo tempo para voltar. Rico não gosta de pobre mesmo, eles querem nos ver longe" reclama.
Álvaro Puntoni, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP), critica o acordo. "Sei que o terreno é particular e que, se eu fosse favelado, adoraria ganhar os R$ 40 mil, mas a lógica é um pouco perversa. A elite blinda o carro para resolver o problema da segurança. Nesse caso da construtora, poderia se pensar em uma solução com poder público para abrigar a população no espaço onde ela já vive."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1706200701.htm
O custo total da desocupação, cujo acordo foi assinado após reuniões das partes para que a ação de despejo não seja levada adiante, é de R$ 2,8 milhões -a construtora não confirma valores, .
No terreno, a construtora estenderá a área verde do condomínio, que será cercada por um muro. Do lado de lá, a favela continua, em área da prefeitura, que tenta judicialmente o despejo dos barracos.
Na última quarta-feira, uma fila de caminhões de mudança aportou na favela. Era preciso que a casa começasse a ser demolida para o morador receber o cheque -a maioria acertou pagar o valor da compra da moradia nova no dia da mudança.
Com os R$ 40 mil, é possível comprar, por exemplo, uma casa de um quarto na Pedreira (divisa com Diadema, a cerca de 15 km da favela).
O empreendimento, batizado de Parque Cidade Jardim, terá shopping, spa e 13 torres, entre residenciais e comerciais. O morador poderá trabalhar, comprar e ir ao médico sem ultrapassar os muros do local.
Lambaris e preás
Maria Gomes, 66, conta que chegou lá nos anos 1960. "Meu marido pescava lambari para o nosso almoço no rio Pinheiros.
Essa rua toda era uma horta que eu cuidava, até que as pessoas foram chegando do Norte passando por dificuldades." Os moradores estão divididos sobre a mudança. A desempregada Leila Aparecida Suzano, 29, é favorável.
"Saio de um barraco de madeira com dinheiro na mão para comprar uma casa num bairro longe, mas no meu nome. Vou finalmente ter algo para deixar para meus filhos", diz ela, que irá para o Jardim Guarujá (zona sul).
Já a empregada doméstica Marluce Gomes de Lima, 44, que trabalha no Itaim, lamenta a remoção. "Comprei uma casa em Vargem Grande Paulista e agora, em vez de levar 20 minutos até meu trabalho, vou levar duas horas e meia para ir e o mesmo tempo para voltar. Rico não gosta de pobre mesmo, eles querem nos ver longe" reclama.
Álvaro Puntoni, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, da USP), critica o acordo. "Sei que o terreno é particular e que, se eu fosse favelado, adoraria ganhar os R$ 40 mil, mas a lógica é um pouco perversa. A elite blinda o carro para resolver o problema da segurança. Nesse caso da construtora, poderia se pensar em uma solução com poder público para abrigar a população no espaço onde ela já vive."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1706200701.htm
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