O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai lançar um fundo de financiamento de estudos de projetos estratégicos para o setor público. O objetivo é utilizar esses recursos - cujo valor ainda não foi divulgado - para contratar estudos e montar um "banco de projetos", uma espécie de estoque, já com estudos de viabilidade prontos e até mesmo licenciamento ambiental encaminhado para se adiantar às demandas do governo federal.
Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, esse é um pedido do presidente da República, e também faz parte de um pacote de mudanças que estão sendo implementadas no banco a fim de agilizar os processos de liberação dos financiamentos.
"Existe liquidez no país, o que falta são bons projetos. A intenção é que o BNDES contrate os estudos", diz Coutinho. Caso o projeto seja tocado por uma empresa privada por meio de concessão, o estudo deverá ser reembolsado ao BNDES pela empresa que ganhar a licitação, garantindo dessa forma uma "realimentação" constante do fundo.
Uma das medidas para agilizar as liberações de crédito anunciadas pelo presidente do BNDES é ampliar o fornecimento de "empréstimos-ponte", ou seja, o recurso que cobre a necessidade de investimento das empresas no período entre a aprovação do financiamento do BNDES e o seu desembolso efetivo. É como um adiantamento do financiamento até que a empresa consiga ter em mãos o dinheiro do BNDES.
Hoje, essa verba é obtida junto a instituições financeiras privadas, mas o banco já fez pelo menos uma liberação deste tipo. O valor de R$ 100 milhões para a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) foi para o trecho da Transnordestina, que vai de Salgueiro a Missão Velha, cujas obras começaram em meados deste ano.
Com o cenário econômico brasileiro mais favorável, o desempenho financeiro mais saudável das companhias privadas também deverá servir de novo paradigma pelo BNDES para o processo de análise dos pedidos de financiamento. Um das formas de contemplar essa nova situação, segundo Coutinho, será facilitar o acesso aos empréstimos de empresas com "rating" elevado. "Estamos respondendo positivamente à solicitação do setor privado e buscando formas mais consistentes de avaliar os custos de garantias dos empréstimos", diz.
"O banco precisa se adaptar aos novos conceitos de percepção de risco numa economia alavancada", diz Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria de Base (Abdib), organizadora do evento de ontem. Ele reivindica um aperfeiçoamento dos processos de análise do BNDES. Segundo Godoy, já é possível enxergar melhorias no trabalho do banco, como por exemplo, a redução do tempo para aprovação dos empréstimos.
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