Não vou jogar búzios. Minhas previsões se baseiam em algo muito mais seguro: a velha propensão dos nossos políticos de repetirem as mesmas bobagens ano após ano…
Como é o último dia do ano, não resisti a colocar um turbante branco, tirar minha velha bola de cristal da gaveta e apresentar minhas previsões políticas para 2008. É verdade que conexões astrais nunca foram o meu forte, mas mesmo assim arrisco a dizer que vocês podem guardar esta coluna e me cobrar daqui a 365 dias. Não vou jogar búzios. Minhas previsões se baseiam em algo muito mais seguro: a velha propensão dos nossos políticos de repetirem as mesmas bobagens ano após ano…
Prevejo que em 2008 o Presidente Lula terá muitos problemas com a base governista no Congresso. Na Câmara, projetos importantes vão ficar parados durante um bom tempo nas comissões. Especialmente na de Constituição e Justiça, comandada pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Leio nas estrelas que os projetos voltarão a andar no momento em que algum indicado do PMDB fluminense for posto em um disputado cargo no segundo escalão do governo ou em alguma empresa estatal.
Vejo que na Câmara, depois de alguma pressão, os projetos de interesse do governo serão aprovados. Fecho os olhos e materializa-se à minha frente uma página de jornal relatando que nos dias anteriores à votação aumentou muito o volume de liberação das emendas parlamentares. Por falar nisso, o mapa astral mostra que, em ano de eleição municipal, os deputados candidatos por partidos da base governista terão uma impressionante facilidade para liberar o pagamento de suas emendas.
Também antecipo que a pedra no sapato do presidente Lula será… o Senado. É, os astros dizem que a base do governo lá continuará ainda mais desorganizada que a da Câmara. Vejo que o PT colocará a culpa nos líderes do governo e no coordenador político, José Múcio Monteiro. Por um estranho alinhamento nas estrelas, todos eles não são do PT. Por outro lado, os outros partidos jogarão a culpa na intransigência do PT, que não sabe negociar, e nos ministros petistas, por falta de jogo de cintura.
Outra previsão: o PMDB exigirá mais espaço no governo. E quando conseguir, brigará internamente para decidir quem ocupará os tais espaços. Mas o partido saberá se unir quando chegar a hora de brigar contra o PT, que estará de olho nos mesmos ministérios.
Minha percepção antecipa novas operações da Polícia Federal com nomes esquisitos, prendendo corruptos que atuam desde prefeituras lá no fim do mundo até em gabinetes importantes na Esplanada dos Ministérios. E, no dia seguinte, podem esperar os discursos. Se o envolvido for do PT, a oposição repetirá que o partido está atolado em corrupção. Se for do DEM ou do PSDB, quem correrá às tribunas são os petistas.
Prevejo que nunca antes na história deste país um Presidente repetirá a expressão “nunca antes na história deste país” tantas vezes quanto Lula em 2008.
A oposição insistirá em dizer que ele quer um terceiro mandato. Lula vai negar.
O PSDB iniciará uma negociação com o governo, mas romperá no meio por pressão das bases e da bancada no Senado. O líder Arthur Virgílio produzirá ao menos uma frase forte por dia útil contra o Palácio do Planalto.
José Serra e Aécio Neves dirão que não estão preocupados com as eleições presidenciais de 2010 e que o importante é manter o PSDB unido. Apesar disso, o partido continuará dividido.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso baterá em Lula, sem citar o nome do adversário.
Lula dirá que Fernando Henrique tem inveja, mas também não citará o nome dele.
É ano de eleições municipais. Prevejo que antes das eleições, todos os partidos farão previsões otimistas sobre as chances de seus candidatos. E, depois da apuração, todos dirão que venceram. Independente do resultado. Afinal, num país com mais de cinco mil prefeituras, há espaço de sobra para todo mundo comemorar alguma coisa.
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