A expectativa de um grande movimento de consolidação em diversos setores da economia baseia-se na posição de caixa das companhias que abriram capital, na aposta de novas operações em bolsa e, ainda, no aquecimento do mercado de dívida em 2008.
Apesar do consenso que dificilmente o ano superará 2007 em captação com ações, espera-se um bom desempenho. "Foram mais de US$ 30 bilhões em 2007, equivalentes a 70% da atividade do mercado americano. Se fizermos US$ 20 bilhões será extraordinário", diz José Olympio Pereira, diretor do Credit Suisse.
O UBS Pactual está ligeiramente mais positivo, apesar de reconhecer o risco de os investidores mostrarem-se menos dispostos para novas histórias. "Estamos um pouco mais otimistas que a média", admite Fabio Nazari, diretor da instituição. Sua aposta pessoal é que o volume captado ficará entre 75% e 105% do total de 2007. "Mas com esse 5% de alta muito difícil de acontecer."
As dúvidas com o cenário deste ano devem-se às incertezas no mercado financeiro internacional, que vem sofrendo com os prejuízos apresentados pelos títulos de crédito imobiliário de alto risco nos Estados Unidos, o "subprime". O apetite do estrangeiro foi essencial para as operações no ano passado, a despeito do avanço na quantidade de pessoas físicas que passaram a negociar ações. O investidor internacional absorveu quase 76% do volume colocado em ações, ou seja, R$ 50 bilhões.
O ano já começou com uma lista extensa de empresas na fila da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aguardando o aval da autarquia ou o melhor momento de mercado - maioria dos casos. Diante da volatilidade do segundo semestre, muitas empresas adiaram os planos de captação, na expectativa de um cenário mais claro este ano.
Na visão de especialistas, mesmo se os lançamentos de ações arrefecerem mais do que o previsto, não será necessariamente negativo. A euforia nos lançamentos de ações acabava algumas vezes ´queimando´ etapas que costumam ocorrer no processo de preparação para abertura de capital, como a entrada de um fundo de capital de risco ou de participações. Sem um preço tão vantajoso para ir à bolsa, muitas empresas voltarão a analisar tais opções.
Para a Broadspan Capital, também podem ocorrer transações minoritárias com sócios estratégicos. De qualquer forma, a previsão é a de que se não houver nenhuma mudança estrutural nas economias brasileira e internacional, o mercado de IPOs deve continuar ativo em 2008.
É importante lembrar ainda que não apenas as ações podem servir de combustível para os investimentos de longo prazo das empresas, mas outras ferramentas de captação no mercado, como as debêntures. Este instrumento, que menos usado que as ações em 2007, pode ter movimento mais forte em 2008. A teoria diz que as empresas, para terem estrutura de capital equilibrada, devem ter também dívida (como as debêntures, por exemplo) e não apenas se financiar com capital próprio. Em 2007, o mercado de capitais registrou um recorde absoluto, com R$ 166,9 bilhões em ofertas registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Esse valor é 33% maior do que o de 2006, até então recorde isolado. A grande diferença é que no ano passado, pela primeira vez, as ações superaram o segmento as debêntures e os recebíveis. (GV e CV)
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