Filho de Lobão assumirá vaga do pai no Senado


Além do futuro senador Edison Lobão Filho (MA), convidado a deixar a legenda, o DEM pode perder mais um parlamentar: a deputada Nice Lobão (DEM-MA), mãe de Edinho, como é conhecido o filho do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. O caminho natural para ambos é o PMDB, sigla do ministro, mas o quadro ainda está indefinido.

Edinho tem a intenção de assumir a cadeira do pai no Senado na segunda-feira. No PMDB, há resistência velada de um grupo de parlamentares à sua entrada. Eles consideram negativo o partido aceitar em seus quadros um político que foi convidado a sair de outra legenda por causa de denúncias.

Desde que Lobão foi indicado para assumir o Ministério de Minas e Energia, denúncias contra seu filho e primeiro suplente no Senado vêm sendo publicadas. Edinho é acusado de usar "laranjas" para escapar da cobrança de dívidas de uma empresa (Bemar Distribuidora de Bebidas), da qual foi sócio até 1998.

Edinho nega as acusações, dizendo que, na ocasião, não era mais sócio da empresa. Seus advogados preparam defesa prévia a ser entregue ao Senado. Embora haja o entendimento de que ele não pode ser investigado por fatos anteriores ao mandato, o futuro senador quer esclarecer os fatos.

O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), disse abertamente a Edinho, na quarta-feira, que sua permanência no partido causaria constrangimentos. Essa foi a conclusão do Conselho Político do DEM, em reunião realizada em São Paulo na véspera. "Eu disse a ele que, mais que uma questão ética, o problema de sua permanência no DEM é político. Ele é filho de um ministro de um governo ao qual o DEM faz forte oposição", disse Agripino. O "convite" para que Edinho se desfiliasse do DEM foi claro e acompanhado da promessa de que o partido não buscará na Justiça a retomada do mandato.

Já a situação da deputada Nice Lobão (DEM-MA), caso ela decida trocar de partido, ainda será analisada pela cúpula do partido. Formalmente, a parlamentar não se manifestou sobre o assunto. Mas, segundo aliados da família, a situação de Nice é constrangedora por causa das críticas de integrantes do DEM ao filho.

"Não sei qual será a situação dela. Pelo fato de o filho estar sendo atacado, a deputada pode acabar misturando a questão familiar com a política", diz o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ). Ele fez questão de elogiar a atuação da parlamentar. "Ela tem sido fiel ao partido em todas as votações, mesmo depois que o Lobão deixou o DEM", afirma.

Rodrigo Maia reconhece que a situação pode ser incômoda para Nice Lobão. "Deixamos claro que o relacionamento ficou complicado com toda a família, do ponto de vista político". O presidente do DEM fala com cautela do futuro da deputada. "Ela tem muito respeito do partido e temos de avaliar a questão com cuidado."

Agripino explicou que não interessa ao DEM recorrer à Justiça para tomar de Edinho o mandato de senador porque o segundo suplente de Edison Lobão (PMDB-MA), Remi Ribeiro, também é do PMDB. Portanto, em caso de renúncia do primeiro suplente ou de a Justiça tirar-lhe o mandato, assumiria um pemedebista e não um democrata. "Eu o aconselhei a deixar o partido. Disse que seria melhor ele se desfiliar do DEM, sem que o partido demande seu mandato", afirmou Agripino.

Lobão Filho pretende entregar os documentos em sua defesa aos presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP). Uma das acusações que pretende rebater é a de que seria sócio oculto de uma distribuidora de bebidas supostamente envolvida num esquema de sonegação de impostos. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), iniciou, por conta própria, investigação das denúncias, pedindo informações à Polícia Federal e à Receita Federal.

Como suplente, Lobão Filho tem prazo de 60 dias para assumir a vaga deixada por seu pai, de acordo com o regimento interno do Senado. Mas, ele próprio informou ao líder do DEM no Senado que estará aqui na segunda-feira. A posse dependeria de questões formais. Entre os senadores há quem defenda que ele renuncie à cadeira. O temor é o de ver o Senado novamente envolvido em uma crise, enquanto a Casa ainda tenta se recuperar do desgaste causado pelas denúncias contra o ex-presidente Renan Calheiros (PMDB-AL).

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