Pela primeira vez, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão que rastreia possíveis operações de lavagem de dinheiro, multou empresas do setor imobiliário. A maior multa foi para a construtora Cipesa e seus sócios: R$ 727,12 mil no total.
Considerada líder do setor em Alagoas, a empresa fez transações imobiliárias em espécie de aproximadamente R$ 1,9 milhão, entre dezembro de 2003 e novembro de 2006. À margem da lei, não comunicou os negócios ao Coaf, pois são práticas características de tentativa de lavar dinheiro.
A Cipesa acaba de lançar o Altavistta, um loteamento à beira-mar, a 30 quilômetros de Maceió, com terrenos que vão de R$ 70 mil a R$ 560 mil, conforme a metragem. Por meio de sua assessoria, a construtora informou que "todos os valores recebidos foram contabilizados em seu devido tempo e os esclarecimentos necessários prestados à Receita Federal".
Além dos setores financeiro e imobiliário, o Coaf deve ser informado sobre transações consideradas suspeitas pelo mercado de arte e antiguidades, joalherias, seguros, loterias e factorings -sendo este último o campeão de multas aplicadas até hoje: três em 2006 e duas no ano passado, num total de R$ 1,37 milhão.
Desde 1998, apenas seis informes relacionados ao mercado de arte chegaram ao Coaf. No de jóias, foram 14 comunicados de operações atípicas no mesmo período.
Questionado sobre os baixos números, o presidente do Coaf, Gustavo Rodrigues, respondeu: "É desconhecimento, descaso e também conivência com outros interesses em alguns casos. É um absurdo dizer que todos estariam mal-informados".
Em 2007, dos 23 processos administrativos abertos pelo conselho para apurar suspeita de lavagem de dinheiro, dois têm joalherias como alvo, setor que será prioridade do órgão neste ano. As empresas fizeram operações financeiras em espécie que passam do milhão de reais e não comunicaram ao Coaf, como prevê a lei de lavagem de dinheiro. Mônica Bergamo
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