Marta disputará prefeitura de SP


O presidente Lula e a ministra do Turismo, Marta Suplicy, acertaram, em reunião no Palácio do Planalto, a candidatura da petista à prefeitura de São Paulo nas eleições municipais deste ano. Desde janeiro, o Palácio do Planalto dava como certa a participação de Marta na disputa pelo comando da maior cidade do país, conforme antecipado pelo Correio. Restava apenas uma conversa entre o presidente e a ministra para ratificar a decisão, o que ocorreu ontem de manhã.

A decisão é sua, e eu te apóio 100%. Mas não tem pressa para sair, disse Lula, de acordo com o relato de um dos participantes da reunião. Apesar de conseguir aval à sua candidatura, que é a única dentro do PT com condições de vencer, segundo pesquisas de intenção de voto divulgadas recentemente, Marta não conseguiu emplacar dois pleitos apresentados ao presidente. O primeiro deles era ter papel decisivo na escolha de seu sucessor no Ministério do Turismo.

O segundo, obter uma espécie de promessa de retorno ao primeiro escalão do governo federal caso seja derrotada nas urnas. “Foi uma conversa muito boa. O Lula disse que a apoiava na decisão. Deixou claro, no entanto, que não permitirá um debate sobre a sucessão no ministério”, afirmou um parlamentar ligado a Marta. O presidente considera a ministra forte o suficiente para derrotar os dois principais pré-candidatos à prefeitura de São Paulo: Gilberto Kassab (DEM), atual prefeito, e o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).

Marqueteiro
Em tentativa de ajudar Marta, Lula pediu ao marqueteiro João Santana, responsável por sua campanha à reeleição em 2006, que auxilie a ministra na eleição municipal. Na semana passada, Santana e Marta se reuniram para uma primeira conversa em São Paulo. Para concorrer em outubro, a ministra tem de deixar o cargo até 5 de junho. Segundo um influente petista de São Paulo, a tendência é que a desincompatibilização seja postergada ao máximo. A idéia do grupo de Marta é assistir de camarote ao duelo entre PSDB e DEM, que até agora não conseguiram costurar uma candidatura única.

Petistas alegam que Marta pode retardar a campanha porque já foi prefeita da capital, o que lhe garante um bom percentual de votos já na arrancada do páreo. Além disso, a ministra seria a única candidata forte dentro do PT. “Seria um erro começar a campanha antes”, afirmou um deputado federal petista, rechaçando a pressão em sentido contrário feita por vereadores do partido. Para ele, a candidatura dará a Marta condições de ocupar um suposto vácuo de poder na direção partidária.

Capital político
“O PT está meio acéfalo, com exceção, é claro, do presidente Lula”, declarou o petista. “A Executiva Nacional é fraca. Não há comando no partido”, arrematou. Defensores da candidatura da ministra argumentam ainda que, mesmo se derrotada, Marta sairá das eleições municipais com mais capital político para reivindicar a vaga de postulante do PT à sucessão presidencial em 2010. Afinal, ficará na vitrine do maior colégio eleitoral do país durante todo o período de campanha.

Hoje, Marta “está escondidinha” no Ministério do Turismo, conforme expressão cunhada por um aliado. A ministra já governou a capital de São Paulo uma vez, entre 2000 e 2004. Candidatou-se à reeleição, mas foi derrotada pelo atual governador do estado, José Serra (SP). Se os planos de Marta derem certo, os dois podem voltar a se enfrentar em 2010, de olho no Palácio do Planalto.

A decisão é sua, e eu te apóio 100%. Mas não tem pressa para sair

Presidente Lula, sobre a candidatura de Marta Suplicy

Candidatura própria
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem em Santos (SP) que “o sentimento” do partido em relação às eleições para a Prefeitura de São Paulo é optar pela candidatura própria. “O sentimento do PSDB é pela candidatura própria até pela força do partido”, disse. “Não só por pesquisa, mas pela legitimidade, a força, a expressão do partido em São Paulo.”

Segundo o ex-governador, apesar de a convenção do partido estar marcada para julho, até abril o nome do candidato e a definição de uma possível aliança com o DEM deverão estar “bem encaminhados”.

“Eu defendo as alianças”, afirmou. “O Brasil tem um quadro multipartidário. Se puder fazer já no primeiro turno é melhor porque você faz em torno de um programa, a população sabe quem são os aliados”, argumenta, lembrando, porém, que as alianças não dependem apenas dos tucanos, mas também dos outros partidos.

Vice em chapa

Sobre a possibilidade de ser candidato a prefeito ou mesmo de sair como vice na chapa de Gilberto Kassab (DEM), Alckmin disse que optará pelo que o PSDB definir. “Eu estou sempre animado para trabalhar pela população que mais precisa, população mais pobre, e o governo da cidade está mais perto do povo, ele é mais rápido. O que o PSDB decidir, eu sou favorável. Sou um homem de partido”, afirmou.

Alckmin permaneceu por uma hora na prefeitura de Santos, onde ocorreu o velório de seu ex-secretário da Casa Civil Rubens Lara, um dos fundadores do PSDB. Atualmente, Lara era diretor-executivo da Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem) e assessor especial do governador José Serra. Ele morreu ontem à noite, aos 64 anos, de enfarte.

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