O mínimo de US$ 250


Antecipado e com reajuste superior à inflação, o piso salarial injeta R$ 21 bilhões na roda do consumo

O NOVO SALÁRIO MÍNIMO, é motivo de surpresa para os trabalhadores. Normalmente concedido em maio, o aumento foi antecipado por uma medida provisória do governo, redigida às pressas, para cumprir acordo firmado no ano passado com as centrais sindicais. Com um reajuste de 8,5%, o mínimo passa de R$ 380 para R$ 412,40. A nova fórmula adotada pelo Ministério do Planejamento levou em consideração não apenas a inflação acumulada no período, de 4,6%, como adicionou ao cálculo o crescimento do Produto Interno Bruto em 2006, de 3,7%. “Nós estamos nos comprometendo a corrigir, anualmente, o salário mínimo com base no crescimento e na inflação”, disse o ministro Paulo Bernardo, do Planejamento. “É uma política de valorização que foi colocada no papel até 2023.” Para quem ganha o mínimo, o efeito é significativo, embora reduzido por conta da inflação registrada nos preços dos alimentos, que chegou a bater mais de 10% no ano passado. De qualquer modo, o reajuste poderá injetar cerca de R$ 21 bilhões na economia nos próximos 12 meses, considerando- se 45 milhões de pessoas com ganho atrelado ao mínimo. “Ainda estamos longe dos R$ 1.924,59 necessários para cobrir as necessidades do trabalhador”, avalia Clemente Ganz, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, Dieese. “Mas o ganho de 3,7% acima da inflação é superior ao que muitas categorias estão conseguindo em suas negociações.”

O reajuste vem num momento em que o aquecimento da economia registra recordes. Em janeiro, o volume de vendas do comércio aumentou 9,5%, na comparação com o mesmo mês de 2007, de acordo com a Serasa. Na avaliação da instituição, os fatores que colaboraram para o resultado foram o crescimento do emprego formal, as promoções do varejo e a manutenção da demanda por crédito pelo consumidor. Mais uma vez, a expansão do emprego formal foi fator preponderante.

No último ano, foram criados 704 mil postos de trabalho, número superior ao de pessoas que ingressaram no mercado, de 572 mil. Com isso, o contingente de desempregados caiu em 133 mil pessoas. O mapa do IBGE também destaca que as regiões que tiveram maior crescimento foram justamente as que mais se beneficiaram com o aumento do mínimo: Norte e Nordeste. “Há um processo de interiorização da economia que privilegia os grotões”, analisa Rogério Bruxellas, gerente do Magazine Luiza.

Mesmo contando com dinheiro em caixa para arcar com o aumento do mínimo, o governo tem se debruçado em contas para absorver o gasto adicional de cerca de R$ 5,8 bilhões nas contas públicas neste ano. O valor é referente ao reajuste concedido aos 13 milhões de benefícios da Previdência. Cada R$ 1 acrescentado ao valor final implica R$ 180 milhões em gastos para o INSS. Mas nem isso tira a alegria de quem contará com pouco mais de R$ 32 a partir de abril. “Vou poder comprar mais comida e passar menos aperto com as contas no fim do mês”, comemora a aposentada Mariana Rita de Jesus, de 65 anos. “Pode não ser muita coisa, mas com certeza esse dinheiro não vai parar na minha mão.”

É isso o que se espera da economia.

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