Cesar Maia: mídia dramatiza o corpo-a-corpo


Pela internet, prefeito diz que antecipa o futuro; sociólogo diz que ele foge da população

O sumiço do prefeito Cesar Maia ganhou ontem repercussão até no Ex-Blog, boletim informativo distribuído por e-mail pelo próprio alcaide. Com o título "Parte da imprensa não entende a internet como um meio de comunicação", Maia lista uma série de fatores para justificar o fato de usar o e-mail como principal ferramenta para se comunicar com a mídia e a população. Sociólogo ouvido pelo JB, porém, questiona os métodos do prefeito, não para governar o município, mas para se manifestar perante a população enquanto o Rio vive uma epidemia de dengue que já matou quase 70 pessoas.

Maia defende, através do Ex-Blog, que a "agenda externa fechada evita que a presença da cobertura da imprensa dramatize o contato com a população, sempre pronta para dizer o que a faz aparecer no dia seguinte ou no mesmo dia nas páginas, voz ou tela de TV". "E aí", continua o prefeito, "temos uma caricatura e não um retrato do fato, independente da avaliação do repórter". Segundo Cesar Maia, "o que hoje é percebido como mau uso do tempo ou ausência física, será em breve o cotidiano da imprensa".

Impressão de ausência

No entanto, essa visão não encontra eco quando o sociólogo Bernardo Sorj Iudcovsky, professor-titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ausência do prefeito diante da crise epidêmica vivida no Rio causa graves efeitos à sua imagem pública.

Quando o governante foge da população, a situação fica muito difícil – argumenta Bernardo. – Se o prefeito acha que vai ser hostilizado e tenta evitar isso, é uma opção dele. Mas a presença física do governante junto ao seu povo é insubstituível, e ele sabe disso. O e-mail é um instrumento útil para se comunicar com a população, mas não pode ser o único.

Sorj lembra que o próprio presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, foi ao Iraque mostrar que está junto com a tropa.

Do ponto de vista simbólico, dá a impressão de um governante que se alienou do povo – defende o sociólogo.

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