A safra 2008/09 da cana-de-açúcar, que já começou a ser colhida, deverá ser a maior da história com um total de 498,1 milhões de toneladas moídas na região Centro-Sul, onde se concentram 86% da produção do País. O número leva em conta as 32 novas usinas que entrarão em operação ao longo deste ano. Com isso, a produção de cana será 16% maior que em 2007/08, de acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa 315 usinas.
Mesmo com o excesso de chuvas no início da colheita, o que levou à redução do percentual de sacarose da cana, a entidade acredita que a produção deverá ser compensada pela queda da idade do canavial - caiu de 3,44 para 3,35 anos em 2008 (-2,6%).
Para Marcos Jank, presidente da Unica, a meta agora é tentar articular a aprovação de 10% da mistura de etanol na gasolina européia, provando a sustentabilidade do processo. Isso deverá ampliar ainda mais a participação no mercado externo, ajudando a firmar o produto como uma commodity. Para 2008/09, a associação projeta um incremento de 19% na produção de álcool total, cerca de 24,3 bilhões de litros. As exportações devem crescer em 800 milhões de litros (27%), passando para 3,9 bilhões de litros comercializados.
"Isso ocorre porque o mercado americano está remunerando melhor este ano. Ao contrário do ano passado, agora é mais vantagem exportar ", explica Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica. Em doze meses, os preços do álcool na Bolsa de Chicago (Cbot) valorizaram cerca de 19%, subindo de US$ 2,10 para US$ 2,50 o galão.
A associação estima que a produção do açúcar deverá alcançar 28,6 milhões de toneladas, 9% acima do período anterior. Para o mercado externo, está previsto um volume 15% maior que o da safra anterior, subindo de 16,4 para 18,9 milhões de toneladas. "A diminuição da safra indiana de 27 milhões para 22 milhões de toneladas abriu uma oportunidade para o açúcar nacional retomar parte do mercado", avaliou Rodrigues.
Apesar de o setor sucroalcooleiro comemorar recordes nos últimos anos, Jank rebateu as recentes críticas de que a cana-de-açúcar seria a maior responsável pelo crescente desmatamento na Amazônia, empurrando a área de outras culturas. "O problema lá é falta de fiscalização e grilagem. Mesmo se não houvesse cana no País, o desmatamento cresceria", argumentou.
Com relação à disputa entre canaviais e áreas de pastagens, Jank citou o exemplo de São Paulo, que viu o número de boi por hectare subir de uma cabeça para 1,4 nos últimos anos sem prejuízo à produção de carnes. Ele disse ainda que não são só os biocombustíveis que inflacionaram as commodities e ressaltou que o petróleo e a demanda asiática possuem um peso maior nesse processo.
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