A procuradora da República Adriana Scordamaglia, que investiga suposto esquema de desvio de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), declarou ontem que existem suspeitas de que o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (PDT-SP), recebeu propina. “A suspeita com relação a Paulinho é que ele faz parte também do desvio de verbas do BNDES”, disse Adriana. “Temos suspeitas nas interceptações telefônicas, nos monitoramentos analisados dentro de um contexto de que é o Paulinho.”
A procuradora não falou sobre valores que teriam sido pagos ao parlamentar. Alegou que não é da sua competência rastrear a conduta daqueles que detêm foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal (STF), caso de Paulinho.
Cópia do inquérito da Operação Santa Tereza, que revela como ocorria a fraude a partir do BNDES, foi remetida ontem ao STF, por ordem do juiz Marcio Catapani, da 2ª Vara Federal.
Indagada se a suspeita é de que o deputado recebia uma parte dos recursos desviados, a procuradora foi taxativa: “Sim”. Durante conferência com a imprensa na sede do Ministério Público Federal em São Paulo, Adriana Scordamaglia deu pistas sobre os indícios que cercam Paulinho. “(Os indícios) estão no monitoramento telefônico, na citação do seu nome mais de uma vez.”
A procuradora disse: “Os indícios de que seja ele são as ramificações das investigações. Na verdade algumas vezes não foi só citado o nome Paulinho, ele foi citado num contexto em que faz-se supor que seja ele”.
Ela revelou que “outras autoridades, inclusive políticos, aparecem como beneficiários” da partilha. Afirmou que “funcionários do BNDES” estão sob suspeita, mas não citou nomes. Com relação aos novos personagens do caso, a Polícia Federal vai abrir outros inquéritos.
Pelo menos mais 10 prefeitos podem estar envolvidos em contratos ilegais de empréstimos do banco. Até agora, apenas um prefeito, Alberto Mourão (PSDB), de Praia Grande, está formalmente citado na Santa Tereza. Mourão nega ter sido beneficiário de desvio de verbas.
A procuradora disse, ainda, que requisitou abertura de inquérito para apurar o vazamento da Santa Tereza. Um mês antes de a operação ser deflagrada, alguns suspeitos trocavam e-mails falando da investigação.
Reclamou que no curso da apuração “houve destruição de provas”. A procuradora disse que “são cabais, ricas” as provas reunidas de ilegalidade em três contratos de financiamento do BNDES que somam cerca de R$ 400 milhões - nem todo o dinheiro foi liberado pelo banco porque a remessa é parcelada, de acordo com o andamento de projetos. Integrantes da quadrilha, segundo Adriana, dividiram R$ 2 milhões de propina.
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse que, “se tiver elementos”, pedirá abertura de inquérito para investigar suposto envolvimento de Paulinho. Por meio de seu advogado, Antonio Rosella, o deputado nega envolvimento no esquema.
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