Coronel tentou avisar pedetista na véspera


Investigado soube de operação da PF e ligou para parente de Paulinho

“Avisa o Paulinho que amanhã vai ter alguma coisa, uma operação da Polícia Federal que pode envolver o pessoal do partido”, foi o alerta que chegou pelo celular a um familiar do deputado Paulo Pereira da Silva na véspera da Operação Santa Tereza.

O aviso partiu de Wilson de Barros Consani Júnior, coronel da reserva da Polícia Militar que a PF aponta como um dos principais operadores do esquema de desvio de verbas do BNDES. Consani não sabia que ele próprio estava sendo monitorado e era alvo da Santa Tereza.

Os grampos da PF, que chegaram em CD ao Ministério Público Federal, mostram que o coronel fez esforço intenso para informar integrantes da organização criminosa sobre a missão federal que sairia às ruas dali a algumas horas, na manhã de 24 de abril, para cumprir 11 mandados de prisão - inclusive do lobista João Pedro de Moura, amigo e ex-assessor de Paulinho.

Por volta das 23 horas da quarta, Consani buscou primeiro um contato direto com Paulinho, mas não teve êxito. Ligou, então, de seu celular, para um parente do deputado, a quem informou sobre os movimentos da PF e pediu que comunicasse o deputado. “F... tudo, vai ter operação da PF amanhã cedo.”

O coronel também contatou um dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ligado à Força Sindical, e José Gaspar, vice-presidente estadual do PDT. “Tem operação da PF amanhã”, repetia, em ligações que duravam um minuto e meio, no máximo. “Vai ter problema”, insistia. “É coisa de 12 alvos...”

Num telefonema, disse que a operação tinha como meta negócios relativos a ONGs. “Parece que sujou, a informação é lá de dentro, envolve a WE e o negócios das ONGs.” A WE é a boate que a organização teria usado para lavar dinheiro ilícito.

A PF suspeita que um policial amigo de Consani cuidou de avisar o grupo sobre a operação secreta. “O coronel acompanhava as ações da quadrilha e tinha plena ciência dos crimes praticados”, diz a procuradora Adriana Scordamaglia. “Colaborava para a obtenção de futuros financiamentos no BNDES.”

Consani, agora réu da Justiça Federal por formação de quadrilha e desvio de recursos do BNDES, não foi localizado ontem para falar do caso.

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