No auge da crise que derrubou quatro secretários de Yeda Crusius (PSDB) no Rio Grande do Sul, uma afirmação era ouvida amiúde nos corredores das secretarias de governo e no Palácio Piratini: "Chega de intermediários; Carlos Crusius na Casa Civil". A frase, repetida desde o início da gestão apenas com variações de cargo, alude à onipresença do marido de Yeda, o economista Carlos Crusius, 63 anos, no governo.
Professor universitário aposentado, Crusius atua como presidente do Conselho de Comunicação, uma área com orçamento modesto, cerca de R$ 7 milhões, mas que exerce influência na distribuição publicitária de estatais. Para adversários políticos, o cargo não remunerado foi apenas uma forma de justificar a permanente presença dele no palácio.
Dentro do chamado "núcleo duro" governista, Crusius é chamado de "professor". É também considerado um oráculo no grupo responsável pelas decisões estratégicas. Ele teria sido o idealizador do plano de aumento de impostos.
Entre os principais conselheiros de Yeda estão Aod Cunha, ex-aluno de Carlos Crusius, secretário da Fazenda e responsável pela área de maior sucesso da governadora tucana; o amigo da família Daniel Andrade, secretário de Infra-Estrutura e Logística; e Fernando Schüler, secretário da Justiça e do Desenvolvimento Social, acadêmico ligado ao casal.
O trabalho de Crusius já era perceptível nos bastidores da campanha. Ele estava no seleto grupo que organizava a arrecadação. O marqueteiro do primeiro turno da campanha, Chico Santa Rita, o define como "um personagem estranho, que se metia em tudo, mas não resolvia nada". "Volta e meia a gente ia fazer uma reunião da área de marketing e estava lá o Carlos Crusius; ia participar de uma reunião financeira, estava lá o Carlos Crusius; ia fazer uma reunião de plano de governo ou de pesquisa e estava lá o Carlos Crusius."
A campanha também foi um período de tensões entre o economista e o vice-governador, Paulo Feijó. As críticas de Feijó aumentaram após a eleição. "Como alguém que não recebeu um voto pode ter tanta influência no governo?", dizia.
Nas interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Rodin, que investiga o desvio de R$ 44 milhões do Detran Gaúcho, Crusius é identificado como o provável "barbicha", uma pessoa influente com quem donos das empresas prestadoras de serviço queriam proximidade.
Crusius conheceu a paulista Yeda na Universidade de Vanderbilt, em Nashville, EUA, onde estudavam economia. Casaram-se e foram morar em Porto Alegre. Seguiram carreira acadêmica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Questionado sobre sua participação no governo, Crusius -avesso a entrevistas- diz que "marido é marido". "Eu sou uma pessoa totalmente desimportante", afirmou.
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