pré-sal não pode ser só para dono de Rolex


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em entrevista à TV Bloomberg, que os recursos obtidos com a exploração de petróleo na camada do pré-sal devem ser obtidos em políticas sociais, para evitar que a riqueza obtida com a atividade fique concentrada nas mãos de poucos.

- O que queremos para o Brasil para o futuro não é (o que ocorre em) alguns países que têm muito petróleo e beneficia alguns, onde há algumas pessoas com três, quatro relógios Rolex no bolso - disse Lula.

O presidente afirmou ainda que o modelo a ser adotado na exploração de petróleo nas áreas recém-descobertas pela Petrobras é "segredo de Estado". Reconhecendo que serão abundantes os recursos que a União vai obter quando os campos estiverem em operação, o presidente disse que o primeiro passo é definir qual será a destinação dos recursos obtidos.

Lula: modelo de exploração é "segredo de Estado"

Conforme a ministra Dilma Rousseff já adiantara , Lula confirmou que parte desses recursos poderá ser destinada ao fundo soberano que está em elaboração no governo - experiência comum de países grandes produtores de petróleo.

- Isso é segredo de Estado (o modelo de exploração). Essa é a grande chance do Brasil, mas primeiro vamos definir que benefícios esta riqueza vai trazer ao povo brasileiro. Se Deus me ajudar, quero fazer uma revolução na educação, uma revolução na saúde - afirmou Lula à TV Bloomberg.

Para o presidente, o potencial do pré-sal prova que "Deus não só é brasileiro como agora mora aqui". Perguntado se é verdade que as reservas já descobertas são três vezes superiores à atual, de 14 bilhões de barris, Lula disse querer evitar a especulação, mas deu uma pista:

- Penso que as reservas deverão ser maiores que isso, por tudo que sei até agora.

Apesar de confessar, na entrevista, que já imaginou o Brasil como membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Lula disse que sonha com uma potência exportadora de óleo bruto:

- Quero que o Brasil seja um exportador de produtos derivados de petróleo.

No G-8, Lula vai tratar de inflação dos alimentos

Aproveitando que a entrevista era para um veículo de comunicação internacional, rebateu ainda as críticas de que o aumento da produção agrícola e de etanol no Brasil ocorre com o desmatamento da Amazônia:

- Esses países que estão preocupados com a Amazônia desmataram suas florestas há 100 anos. Não está sequer no protocolo de Kyoto e quer manter o mesmo padrão de consumo (...). Eu quero o mesmo padrão do povo europeu, do americano, eu não nasci para ser pobre, nasci para progredir.

O presidente afirmou que vai tratar da inflação mundial de alimentos na próxima reunião do G-8, o grupo dos sete países mais desenvolvidos do mundo e a Rússia:

- Desde 2001, 176 milhões de toneladas de grãos foram consumidos dos estoques mundiais e não foram repostos. Nesse período, o Brasil ampliou a sua produção em 149 milhões de toneladas de grãos (no acumulado). Estamos fazendo a nossa parte.

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