Comissão da Câmara quer novas informações da Kroll


As denúncias da Operação Satiagraha, que investiga desvio de verbas públicas e crimes financeiros, também devem fechar o cerco à multinacional Kroll, consultoria de gerenciamento de riscos. A suspeita é de que a Kroll, cuja matriz fica na Inglaterra, montou um esquema de espionagem, que incluiu interceptações telefônicas não autorizadas pela Justiça brasileira, a pedido de Daniel Dantas, proprietário do grupo Oportunity.

Ontem, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas ouviu o depoimento do diretor-executivo da Kroll, Eduardo Gomide. O executivo confirmou que a multinacional prestou serviços a Dantas, mas se recusou a dar detalhes sobre a transação alegando que não era responsável pelos negócios fechados na época. Gomide argumentou aos deputados que em 2004 cuidava da parte financeira da multinacional e que não teve conhecimento sobre as negociações.

O empresário disse ainda que ficou impedido de ter acesso ao contrato porque em 2004, quando a Polícia Federal desencadeou a Operação Chacal - que prendeu cinco pessoas e apreendeu computadores, documentos, celulares, aparelhos eletrônicos e de informática na sede da Kroll - toda a documentação da empresa ficou em poder do Ministério Público. "Não posso responder por que não tenho informações sobre a negociação", repetiu Gomide diversas vezes aos deputados.

Dantas já responde nesta operação por supostamente ter praticado os crimes de violação de sigilo de informação reservada e corrupção. A relação de Dantas com a empresa começou quando o empresário disputava com a Telecom Itália o controle acionário da Brasil Telecom. Dantas teria contratado a Kroll para ter acesso a dados de pessoas e empresas em órgãos públicos que são considerados reservados. As investigações teriam chegado até membros da alta cúpula do governo petista.
Gomide ainda rechaçou qualquer ligação da Kroll com a Operação Satiagraha e disse que nunca teve reunião com Dantas. De acordo com o executivo, a multinacional não trabalha com espionagem, mas sim com serviços de inteligência. "Nunca fizemos espionagem de nenhuma autoridade brasileira", sustentou.

Os deputados da CPI consideraram insuficientes as declarações de Gomide e vão intimar todos os diretores da multinacional para prestar esclarecimentos. Para o deputado Gustavo Fruet (PSDB-RS), um dos sub-relatores da CPI dos Correios, os diretores da Kroll precisam explicar o envolvimento com Dantas. "Vamos aguardar os desdobramentos da investigação da Polícia Federal. Mas a empresa pode estar envolvida em relação a questões dos fundos de pensão", disse.

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