Devagar quase parando


A segunda fase da Operação Satiagraha, da Polícia Federal, que investiga as operações do banqueiro Daniel Dantas, começou ontem com uma nova equipe de delegados e reforçada por técnicos do Ministério Público, Receita Federal, Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários e Conselho de Controle de Atividades Financeiras. A equipe vai analisar documentos apreendidos na fase anterior. O braço direito de Dantas, Humberto Braz, teve o pedido de habeas corpus rejeitado pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo.

A Polícia Federal deu início, ontem, à segunda fase da Operação Satiagraha. Uma nova equipe de delegados, integrada também por técnicos do Ministério Público, da Receita Federal, do Banco Central (BC), da Comissão de Valores Mobiliários e do Conselho de Controle de Ativides Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda, vai começar a analisar os documentos apreendidos na fase anterior da operação.

A primeira etapa desta nova fase examinará documentos apreendidos na casa e no escritório do banqueiro Daniel Dantas. O recrutamento de profissionais estranhos ao quadro da PF sinaliza que os federais já sabem quais serão as próximas pessoas a serem investigadas. Mas pretende-se, também, recuperar os ativos financeiros e identificar, com segurança, visíveis casos de sonegação de impostos.

Um experiente policial federal, que não integra a operação, disse, ontem, que neste estágio das investigações o trabalho dos fiscais da Receita Federal será importante. Ele lembra que nos anos 1920, nos Estados Unidos, o gângster Al Capone somente foi preso e condenado porque não conseguiu comprovar a origem dos recursos que lhe permitiam viver como rei em Chicago, durante a chamada lei seca. Esse grupo, que rejeitou as tentativas de suborno para deixar as coisas como estavam, ficou celebrizado com o nome de "Os Intocáveis".

A missão do Coaf, segundo a mesma fonte, será tentar identificar as operações de off shore feitas pelo Banco Opportunity, de propriedade de Dantas, em paraísos fiscais no exterior. Já foram identificados brasileiros residentes no país que fizeram este tipo de operação – ilegal, de acordo com a legislação vigente.

Pedido negado

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo, rejeitou, ontem, o pedido de habeas corpus em favor de Humberto Braz, apontado nas investigações da Polícia Federal como o braço direito e o intermediário do banqueiro Daniel Dantas numa suposta tentativa de subornar um delegado.

Com a decisão da desembargadora federal Hamza Tartuce do TRF, Braz, que já ocupou a presidência da Brasil Telecom, continuará detido na penitenciária de Tremembé (SP).

A prisão de Braz foi decretada no último dia 8, quando foi deflagrada a operação. No mesmo dia foram presos Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito Celso Pitta. Depois de cindo dias foragido, Braz se entregou no dia 13.

US$ 1 milhão

Na semana passada, o empresário foi denunciado (acusado formalmente) pelo Ministério Público Federal pelo crime de corrupção ativa. Ao lado do consultor Hugo Chicaroni, também preso, ele teria oferecido US$ 1 milhão a um delegado da Polícia Federal para que o nome de Dantas e de familiares dele fossem excluídos da investigação. Toda a negociação do pagamento foi autorizada pela Justiça Federal. Os encontros, que ocorreram num restaurante em São Paulo, foram filmados e as conversas telefônicas gravadas. Cerca de R$ 130 mil chegaram a ser entregues ao delegado.

Em depoimento, Chicaroni afirmou que a ordem de suborno partiu de Dantas. Braz manteve-se em silêncio. O advogado de Braz, Renato Moraes, afirmou que irá pedir a perícia das gravações. Ele criticou o fato de o empresário, que tem residência fixa, estar em Tremembé. Chicaroni, que tem ajudado a polícia, está na sede da PF. A carceragem é melhor que o presídio.

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