Depois do carlismo


Pouco mais de um ano da morte do senador Antonio Carlos Magalhães (ex-PFL), a política baiana prepara-se para viver as primeiras eleições, em mais de 40 anos, sem a sombra do velho coronel a espreitar os passos de aliados e adversários. O governador Jaques Wagner, do PT, discute como ocupar o espaço do carlismo sem repetir o estilo grotesco de ACM, mas, também, sem abrir espaço para o trator dirigido pelo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB. Embora aliados, Wagner e Geddel pensam na mesma coisa: mandar na Bahia. Por isso, vivem uma batalha surda dentro de uma guerra de verdade, cujo emblema é a eleição para a prefeitura de Salvador.

Até 2005, o ex-PFL, com ACM à frente, controlava ao menos 80% dos 417 municípios baianos, ou cerca de 330 prefeituras. O PMDB, à época, contava com apenas 30 prefeitos filiados. A decadência política de ACM e a conseqüente derrocada do carlismo abriram a brecha para Geddel, o neo-aliado de Lula, antes mesmo de ser empossado ministro, em março de 2007, iniciar um agressivo processo de cooptação partidária. Em menos de dois anos, o PMDB havia alcançado 150 prefeituras no estado. Ao mesmo tempo, a sigla conseguiu incorporar quatro deputados federais baianos: Marcelo Guimarães Filho (ex-PFL), Colbert Martins e Raymundo Veloso (PPS) e Sérgio Brito (PDT).

Com a proximidade das eleições municipais, e a aspiração de Jaques Wagner de se viabilizar como um nome do PT à disputa presidencial em 2010, o crescimento do PMDB no interior sofreu um revés. Segundo a assessoria do governador, há 300 prefeitos, hoje, aliados a Wagner – uma média de adesismo em níveis, por assim dizer, carlistas. No governo estadual, onde só perdem em participação para o PT, os peemedebistas controlam as secretarias estaduais de Infra-Estrutura e da Indústria e Comércio, além de ocuparem vários cargos de segundo e terceiro escalão. Na prefeitura de Salvador, o PMDB também controla as secretarias de Transporte e Infra-Estrutura, Segurança Pública e Fazenda.


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