Indústria otimista em setembro


Os dados do IBGE sobre a produção física da indústria no mês de setembro, confirmados pelos dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), podem surpreender quando tanto se fala de crise econômica. Os do IBGE mostram crescimento de 1,7% em relação ao mês anterior, que havia apresentado queda de 1,2%; os da CNI revelam aumento de faturamento real de 5,2% no mesmo período.

A CNI reconhece que os indicadores de setembro não foram contaminados pela crise, o que se evidencia ainda mais quando se vê, pelo IBGE, que o maior aumento foi na produção de bens de capital. Ou seja, ainda em setembro a indústria procurava aumentar sua capacidade de produção e melhorar sua produtividade.

Não é um desempenho localizado apenas. Dos 27 setores analisados, 20 mostraram crescimento, embora a produção automotiva, que tem grande peso na produção geral, acuse ligeira redução.

Nos dados da CNI é possível constatar que não só o faturamento real cresceu 5,2%, como as horas trabalhadas aumentaram 1,6%, o emprego 1,1% - o que indica melhora da produtividade - e a massa salarial, 3,0%, num mês em que muitos acordos sindicais foram renegociados.

É possível que as empresas industriais tenham se impressionado com esse aumento da massa salarial, que sinalizava maior crescimento da demanda nos próximos meses. A demanda de bens de capital, que o IBGE aponta, é fruto do aumento da utilização da capacidade instalada, de 83,0%, em agosto, para 83,3%, no mês seguinte.

Em agosto, houve menos dias úteis do que em setembro, mas esse fato, isoladamente, não explica os fortes porcentuais de crescimento.

Os dados parecem indicar que, no mês de setembro, as empresas industriais ainda não estavam convencidas de que o Brasil também seria afetado pela crise financeira. Esta tomou impulso e dimensão realmente grave com a concordata do banco Lehman Brothers, em 14 de setembro. As empresas brasileiras não experimentavam ainda a forte restrição de crédito que se evidenciou em outubro, a desvalorização do real sugeria que novas perspectivas de exportação estavam se abrindo e que a pressão dos bens importados diminuiria.

Os números de outubro provavelmente não serão tão bons. No entanto, vamos ver que a crise não será muito abrupta, uma vez que a demanda no varejo deve permanecer elevada até o final do ano.

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