Brasil quer menor dependência do dólar


O Brasil defenderá na reunião de cúpula do G-20, em Londres, uma reforma do sistema financeiro internacional que estimule a utilização de outras moedas no comércio internacional, para reduzir a dependência em relação ao dólar nas trocas. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, revelou ontem em Davos que o tema está na agenda brasileira. A reunião de presidentes e chefes de governo do G-20 em Londres deve começar a decidir a reforma do combalido sistema financeiro.

O interesse do Brasil é forte com base já no projeto em curso de utilização de peso e real nas trocas entre Argentina e Brasil. "Não mais passando pelo dólar, é importante porque reduz os custos operacionais'', afirmou. Meirelles disse que a intenção do Brasil é expandir esse acordo da Argentina para os outros parceiros do Mercosul e depois para o resto da América do Sul, ou seja, substituindo dólar pelas moedas locais nas trocas.


O Valor apurou que Bruxelas tenta articular posição comum com o Brasil sobre a utilização de mais moedas nos fluxos comerciais. Os europeus estão interessados em estimular o uso do euro, e reclamam que a economia mundial está centrada demais na moeda americana.


A proposta é só sobre o uso do dolar no comércio, e não como moeda de reserva internacional. Esta é outra discussão, e em Davos foi reafirmada a hegemonia da moeda americana. Num debate do qual Meirelles participou, houve convergência de que não há muitas moedas que possam se candidatar a serem moedas de reserva.


Em entrevista ao Valor, o presidente do Banco Central da Suíça, Jean-Pierre Roth, colocou dúvidas sobre até que ponto o euro poderia desempenhar esse papel. ''O dolar restará por muito tempo com hegemonia natural, visto a situação política e econômica dos EUA. É muito utilizado fora dos EUA, seu papel internacional é incontestável. Vejo ser muito difícil essa situação mudar no curto prazo'', disse. Roth estima que o o euro "ganhou seu lugar", mas que "o dolar é a moeda mais importante''.


Henrique Meirelles deixou claro que, no caso brasileiro, como a dívida do pais é fundamentalmente em dólar e a função de reservas não é especular e sim dar proteção, a moeda americana resta assim como dominante nas reservas.


Se o interesse do Brasil é por menos dólar no seu comércio regional, outros emergentes como China e Rússia atacam mais diretamente a hegemonia da moeda americana, única verdadeira moeda internacional e refúgio de capitais, que tem permitido aos EUA atrair enormes massas de financiamento provenientes do resto do mundo, com um endividamento numa proporção sem equivalente em nenhum outro país.


Em Davos, o primeiro-ministro russo Vladimir Putin foi incisivo, propondo o desenvolvimento de múltiplas moedas regionais de reserva em complemento ao dólar. Ele reclamou que, quando "um centro regional imprime dinheiro sem cessar e consome riqueza material'', outros centros produtores sofrem quando há turbulências.


O primeiro-ministro chinês Wen Jiabao usou outro tom, não pedindo a substituição do dólar como moeda de reserva mundial, e sim uma "cobertura do sistema financeiro internacional, com particular ênfase no reforço da supervisão das grandes moedas de reservas''.

Um comentário:

  1. Protegidos da Princesa e de cofre mais cheio
    Autor(es): Leandro Colon
    Correio Braziliense - 30/01/2009


    Escola de samba catarinense, que tem senadora como madrinha, recebe incentivo fiscal equivalente ao de agremiações cariocas

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    Desconhecida do grande público brasileiro, a escola de samba Protegidos da Princesa, de Florianópolis, está feliz da vida. A entidade recebeu o aval do Ministério da Cultura para captar R$ 2,3 milhões de patrocínio com incentivos fiscais para o desfile de 2009. Uma quantia para fazer inveja a muitas escolas do tradicional carnaval carioca. Terceira colocada em 2008 no Rio, a Grande Rio conseguiu um valor menor: R$ 2,1 milhões. Campeã em 2006, a Vila Isabel pediu R$ 1,7 milhão, mas ainda não teve sua proposta aprovada. A popular Estação Primeira de Mangueira, por exemplo, obteve um pouco mais que a Protegidos da Princesa: R$ 2,7 milhões.

    O site da escola de samba catarinense informa que a “madrinha da Velha Guarda” é a senadora Ideli Salvatti (PT-SC). A petista nega qualquer relação com o projeto aprovado pelo Ministério da Cultura. Por meio da assessoria, informou que “não mistura suas atividades pessoais com sua função pública”. Nenhuma das outras quatro escolas de samba de Florianópolis conseguiu privilégio parecido. A única que teve um projeto aprovado pelo ministério foi a Copa Lord, campeã de 2008. A entidade poderá buscar, com incentivo fiscal, patrocínios que atinjam R$ 590 mil. Ideli garante que a Copa Lord é a sua escola preferida, a do coração, mas desfilou na passarela do samba catarinense em todas, inclusive na Protegidos da Princesa.

    A Aruc, a maior campeã do carnaval do Distrito Federal, nem de longe espera receber a autorização milionária dada à escola de Santa Catarina. O valor estimado de captação sem impostos à Protegidos assustou a comunidade do samba de Brasília. “Nós pedimos R$ 250 mil e ainda não conseguimos”, lamenta o presidente da entidade, Moacyr de Oliveira. A Aruc homenageia neste ano o carnavalesco Joãosinho Trinta. A Protegidos da Princesa preparou um enredo sobre o empresário do mundo country Beto Carreiro, que morreu no ano passado. “A arte a vida imitou/Pro Caubói do Brasil se consagrar”, diz trecho do refrão do samba de 2009.

    Legislação
    Por meio da Lei Rouanet, o Ministério da Cultura avalia e autoriza projetos culturais de captação de recursos com incentivo fiscal. A empresa patrocinadora pode deduzir 100% do que doou desde que o valor não ultrapasse 4% do Imposto de Renda devido no ano. Ou seja, a vida de uma escola de samba fica mais fácil com a postura do governo federal de abrir mão dos tributos.

    De volta ao grupo especial no Rio de Janeiro, a tradicional Império Serrano teve um projeto aprovado no valor parecido ao da Protegidos: R$ 2,5 milhões. Em São Paulo, a Rosas de Ouro, sempre na lista de favoritas no carnaval paulistano, poderá captar, no máximo, R$ 900 mil com incentivos fiscais.

    O aval para a Protegidos da Princesa captar R$ 2,3 milhões com isenção de impostos foi publicado no Diário Oficial da União no último dia 20. A assessoria de comunicação do Ministério da Cultura informou que a aprovação da proposta da entidade foi meramente técnica, por meio da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC). A Protegidos, explica a pasta, pediu R$ 3,5 milhões, mas obteve R$ 1,2 milhão a menos.

    O presidente da Protegidos da Princesa, Moacyr Gomes, garante que não houve influência política na aprovação dada pelo Ministério da Cultura à escola. Segundo ele, o sucesso da entidade dentro da pasta se deve a um projeto bem elaborado. “Não teve força política. Fizemos um trabalho esforçado com uma consultoria de Brasília. Nenhuma escola de Santa Catarina conseguiu isso”, comemora. Ele, porém, avisa que pedirá ajuda de Ideli Salvatti para buscar os patrocínios a partir de agora. “A gente precisa da intervenção dela na captação desse recurso.” A senadora informou que soube pela reportagem da aprovação da proposta da escola de samba.


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    O ranking dos projetos aprovados

    Escola de samba - Valor
    Viradouro (RJ) - R$ 3,8 milhões
    Porto da Pedra (RJ) - R$ 3,7 milhões
    Salgueiro (RJ) - R$ 3,6 milhões
    Mangueira (RJ) - R$ 2,7 milhões
    Império Serrano (RJ) - R$ 2,5 milhões
    Protegidos da Princesa (SC) - R$ 2,3 milhões
    Grande Rio (RJ) - R$ 2,1 milhões
    Acadêmicos da Rocinha - R$ 2 milhões
    Vila Isabel (RJ) - R$ 1,7 milhões
    Rosas de Ouro (SP) - R$ 990 mil
    Copa Lord (SC) - R$ 591 mil

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