Cidade sem música na idade da pedra


Membros do novo governo visitam obras e dizem que faltam pelo menos R$ 120 milhões para a conclusão. Segundo a secretária Jandira Feghali, o quadro encontrado "é um absurdo"

No dia da primeira visita oficial do staff de Eduardo Paes à Cidade da Música, os secretários municipais Luiz Antônio Guaraná (Obras) e Jandira Feghali (Culturas), acompanhados do arquiteto Christian de Portzamparc ­ autor do projeto ­ se depararam com uma verdadeira aventura física e orçamentária, que fará os cofres públicos densembolssarem, até o fim do ano, mais de R$ 120 milhões. Corredores escuros, escadas sem corrimão, andaimes e material de construção espalhados no chão e até focos em potencial de dengue mostravam as reais condições da empreitada herdada do ex-prefeito Cesar Maia.

Após ter garantido deixar em caixa cerca de R$ 25 milhões, assim como uma previsão de gastos da ordem de R$ 87 milhões para a finalização do maior complexo de música da América Latina, em sua primeira incursão pelo lugar, o secretário Guaraná pôde vislumbrar um novo e desanimador quadro. ­ Faltam R$120 milhões. Portanto, muito mais do que o anunciado por Cesar Maia. Pelo que vimos, serão R$ 33 milhões a mais que não esperávamos. O que onera o orçamento e, por tabela, a população contribuinte ­ lamentou. Isso enquanto a auditoria contratada pelo prefeito, que deverá apresentar relatório final em três meses, apenas inicia uma empreitada minuciosa para revisão de contratos e gastos: ­ Até o fim da auditoria, os valores poderão ser ainda maiores ­ prevê o secretário. ­ Esse levantamento nos dará subsídios para que possamos avaliar o que falta para concluir e para que tenhamos como fiscalizar as contas do que já foi aplicado em termos de recursos públicos. Para Guaraná, o problema maior é conseguir recursos para concluir o grande empreendimento cultural no prazo mais curto possível. ­

O prazo depende do quanto teremos em caixa. Sem dúvida, esse rombo de planejamento vai prejudicar o orçamento. E o pior, em ano de crise mundial, quando já estamos apertados. Mas a Secretaria de Fazenda está estudando o caso para que tudo dê certo ­ confia Guaraná. Segundo os secretários, a elevada quantia já prevista para 2009 se deve à necessidade de conclusão de todo o acabamento acústico das salas, custos de modificação e adequação ao projeto original, energia, segurança, além da complementação da infra-estrutura. ­ Na maior parte dos espaços do equipamento, faltam 95% a serem feitos, e não 5% ,como dizia a equipe do ex-prefeito.

Estou até agora impactada com este absurdo ­ disparou Jandira. ­ Isso é um desrespeito à população e com o dinheiro público. Torço para que, até o fim do ano, todos os detalhes estejam acertados para a verdadeira inauguração. Na Grande Sala de concertos, usada por Cesar Maia como palco improvisado para sua festa de lançamento, ainda resta muita coisa a se fazer. E, assim que as obras forem retomadas, os operários ainda deverão precisar de três meses de trabalho. Para o restante do complexo, que contará com uma sala de música de câmara, um espaço para concertos eletroacústicos, além de sete espaços de ensaio e 10 salas de aulas, os técnicos estimam um mínimo de mais seis meses de obras.

Ex-prefeito rebate

Por e-mail, Cesar Maia respon- deu às críticas: ­ Acho estranho projetarem mais do que está licitado. Os R$ 86 milhões que faltam estão no caixa deixado ­ garante Cesar Maia, por e-mail. ­ Quanto aos R$ 33 milhões adicionais, só se no arremate da obra for demonstrado. De outra forma, será a farra dos empreiteiros.JB

Um comentário:

  1. A cidade da música é um monumento ao desgoverno, do ROUBO de dinheiro público e acima de tudo da apatia do povo carioca que não protesta e assim faz parecer que são coniventes com a corrupção do governo do rio.

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