O PSDB quer abrir uma discussão que ultrapasse o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para chegar ao Palácio do Planalto em 2010, o partido pretende ir para o ataque. A estratégia eleitoral começa a ser debatida e algumas ideias já permeiam os tucanos. A primeira é uma intensa campanha publicitária para desmontar os programas sociais e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A segunda é mostrar que no bico do tucano essas ações podem ser melhores geridas e alcançar resultados mais eficientes.
Mas a estratégia esbarra numa dificuldade: encontrar o ponto certo para elaborar uma pauta diferenciada do governo. Um exemplo é o Bolsa Família e a dualidade vivida pelos políticos do PSDB: não criticar e, ao mesmo tempo, não elogiar o benefício que atende mais de 11 milhões de famílias. Se a legenda atacar muito, poderá fortalecer a ideia de que o programa acabará. Se levantar a bola, jogará fora potenciais votos. O que fazer? A saída, avaliam os tucanos, é discutir meios para tornar eficazes os programas "portas de saída" de qualificação dos beneficiários e mostrar que a família
auxiliada pode não depender por muito tempo do recurso do estado.
"O programa precisa ser aumentado. Precisamos discutir o que pode ser feito para modernizar o programa, melhorá-lo, tornar as ações de porta de saída mais eficazes", diz o secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG). O vice-presidente executivo da legenda, Eduardo Jorge, volta a bater na tecla de que o programa nasceu como uma junção de antigas propostas de transferência de renda iniciadas por Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). "O Bolsa Família é uma mudança de nome, nós não queremos e nunca pretendemos acabar com ele, queremos sempre aperfeiçoar", diz Jorge.
O problema desse discurso é não apontar para o que o PSDB faria diferente do PT no governo, como defende o deputado tucano Arnaldo Madeira (SP). "Temos que ter cuidado em ficar falando no pós-Lula porque é preciso discutir o futuro. É um grande risco. Se é só pós-Lula, o eleitor vai pensar: 'para quê votar na oposição, vamos votar no candidato do governo'", alerta o deputado paulista. A questão levantada por Madeira é pertinente e será alvo de debates patrocinados pela cúpula do partido e pelo Instituto Teotônio Vilela (ITV), órgão de discussão doutrinária da legenda.
Erros passados
Na campanha de 2006, o PSDB não conseguiu discutir suas propostas para o futuro, esbarrou nas criticas o governo Lula, foi incapaz de elogiar as conquistas de Fernando Henrique e acabou na defensiva. Resultado? Perdeu para o PT. Eduardo Jorge vai além e cita equívocos da campanha de 2002, quando Lula foi eleito pela primeira vez. "Na campanha de 2006 ou 2002, houve equívocos de condução, a gente está avaliando tudo isso para saber o que fazer para enfrentá-los", afirma o dirigente.
Um dos seminários preparados pelo ITV é a privatização do setor de telecomunicações. O objetivo é afinar um discurso pró-privatização lembrando dos ganhos à população e a universalização do serviço. "Hoje, todo mundo tem celular, se não fosse a privatização estaríamos ainda na fila dos orelhões", afirma o deputado Madeira. Há debate também sendo preparado para a área de energia, especificamente a camada pré-sal do petróleo. O objetivo dessas discussões é dar subsídios a uma campanha de marketing para mostrar o que os tucanos consideram equívocos da política patrocinada por Lula. "O pré-sal saiu do debate, não nos tornamos auto-suficientes e continuamos a importar combustível", sustentou o parlamentar paulista.
No fundo, o PSDB almeja fazer a população absorver o pensamento de que os oito anos de Lula são apenas uma continuação da era tucana. Uma tarefa difícil contra um presidente com mais de 80% de popularidade. "A história vai mostrar que as presidências de Fernando Henrique e Lula serão vistos como um período só", diz Rodrigo de Castro. O fato é que o PSDB quer deixar a defensiva da última campanha ao Planalto e partir para o confronto. "Ou ficamos batendo nas teclas dos problemas do governo, ou ficamos desfigurados", disse Madeira.
O Bolsa Família é uma mudança de nome, nós não queremos e nunca pretendemos acabar com ele, queremos sempre aperfeiçoar
Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB
Temos que ter cuidado em ficar falando no pós-Lula porque É PRECISO discutir o futuro. É um grande risco
Arnaldo Madeira, deputado federal
ANÁLISE DA NOTÍCIA
Ainda falta um discurso
O PSDB precisa encontrar um discurso para ir até o fim da campanha eleitoral de 2010. Em 2002, o PT ganhou a eleição porque pregava políticas antitucanas. Mais de seis anos de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mostraram que existem pontos de convergências entre as duas plataformas. E isso criou barreiras ao PSDB para tentar se diferenciar ou propor iniciativas mais agressivas ao país. O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, tem uma marca a vender: a gestão eficiente. O de São Paulo, José Serra, busca um modelo e tem dado indícios que prefere a posição do confronto. São duas táticas diferentes que podem ser palatáveis ao eleitor.
O importante é focar numa estratégia e não ficar oscilando entre atacar o governo Lula e debater um projeto político para a partir de 2010. A campanha eleitoral é mais forte quando encontra uma marca e não fica na defensiva, como ocorreu com Geraldo Alckmin na disputa pela presidência, em 2006. Não conseguiu ser o anti-Lula, tampouco ser capaz de produzir um rótulo. Ficou se debatendo e perdeu força para o presidente, apesar de a disputa ter ido para o segundo turno.
Discutir o pós-Lula é um jogo complexo, mas pode ser facilitado com a falta de um ingrediente e a entrada do país em uma nova era eleitoral. Com uma democracia e economia estabilizada fruto de 16 anos de política tucano-petista, e sem Lula candidato, os políticos terão todas as condições de iniciar um modelo de debate focado no futuro e não preso no retrovisor. Ganha a discussão sobre propostas e enfraquece a política personalista. (TP)
Não é personalismo nem mesmo continuísmo, é o novo sem preconceito, com competência e segurança DILMA 2010 é nossa presidenta!!!!!
ResponderExcluirOlha onde o PSDB quer se meter, no pré-sal, claro que o Brasil não vai se tornar independente de uma hora para outro do petrloleo de outros países. Para que isso possa ser materialisado nós brasileiros vamos decidir ano que vem. Se a Dilma ganha o petroléo é nosso e se o Serra ganhar o petroleo é dos Americanos, aí nessa ultima hipotese vamos torrar o nosso petroleo e não seremos indepentendete nunca.
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