O Palácio do Planalto tentará evitar a criação da CPI dos Fundos de Pensão proposta pelo PMDB da Câmara, mas, caso não consiga convencer o partido a recuar, a ordem é impedir que a base aliada assine o pedido. Avaliação feita ontem no governo é que a bancada peemedebista tenta uma CPI como retaliação por não ter conseguido mudar o comando da Fundação Real Grandeza, fundo de pensão dos funcionários de Furnas. Por essa análise, o PMDB quer deixar de ser vidraça neste episódio para ter "um canhão" apontado para o governo e o PT.
No Senado, o peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE), que acusa seu partido de práticas de corrupção, vai direto ao ponto sobre a proposta de CPI:
- Eles (do PMDB) não querem CPI alguma. É só chantagem para retaliar o PT. Esse caso do Real Grandeza é uma briga do PT com o PMDB para ver quem fica mais perto do cofre.
Autor do requerimento da CPI dos Fundos de Pensão, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) disse que as assinaturas serão recolhidas a partir de hoje - são necessárias 171.
- O PMDB não defende interesses escusos. Mas, já que falam que há interesses escusos, vamos investigar. Vamos acabar com a caixa-preta dos fundos. Se o governo garante que há fiscalização, então não tem o que temer. Essa CPI é para proteger os beneficiários dos fundos. Se tem ganância, vamos ver de quem é a ganância - disse Cunha, em referência ao desabafo do presidente Lula de que não aceitaria a "ganância" do PMDB do Rio.
O PMDB nega qualquer tentativa de chantagem, e seus líderes dizem que a CPI terá como objetivo verificar a saúde financeira de todos os fundos de pensão, ver se a fiscalização do governo é eficiente e se existe manipulação política.
O líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), não esconde o desconforto com o fato de que seu partido vem sendo apontado como o responsável pela tentativa de mudança na diretoria do Real Grandeza - o que foi vetado por Lula semana passada.
- Acusaram o partido injustamente de manipulação política. Chegaram a atacar o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), que defendeu uma mudança porque havia uma direção arbitrária, que mudou o estatuto para ficar no poder. O ministro da área foi desautorizado. Por isso, vamos mostrar que não temos nada a ver com isso - disse Henrique Alves, ontem.
Mas os argumentos do PMDB não convencem o PT, que tem apadrinhados no comando do Real Grandeza.
- Se alguém tem uma denúncia concreta, que a faça ao Ministério Público. Não acho correto a base do governo fazer uma CPI sobre o tema - reagiu o líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP).
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), entrou na polêmica e pediu estudo sobre a possibilidade de a Secretaria de Previdência Complementar intervir no Real Grandeza, com a justificativa de que o ministro falou em "banditismo".
Jarbas volta hoje à tribuna do Senado para falar de novo sobre corrupção e o papel do PMDB no governo. Segundo ele, no mesmo momento, como uma tentativa de neutralizar seu discurso, o deputado Silvio Costa (PMN-PE) fará, na Câmara, denúncias que teriam sido levantadas em Pernambuco contra ele. A imprensa local, segundo relatou Jarbas, está noticiando que a devassa foi feita por duas pessoas a mando do senador José Sarney (PMDB-AP).
Costa nega estar a serviço do PMDB e diz que vai provar que Jarbas não tem condições morais de ser o timoneiro do movimento pró-ética na política.
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