PCC invade quartel do Exército em SP e leva fuzis


Pouco mais de 72 horas após o roubo de 111 armas do Centro Tático de Treinamento de Ribeirão Pires, na Grande São Paulo, ladrões voltaram a atacar uma área de segurança, em busca de fuzis de alta potência. Desta vez, o alvo foi o 6º Batalhão de Infantaria Leve de Caçapava, no interior paulista. O ataque levou para as ruas da cidade 200 soldados, com autorização expressa para procurar os criminosos, com aval da Justiça e apoio da PM. Houve blitze por 2 horas em Caçapava e nos bairros Campo dos Alemães, Pinheirinho e Cidade Jardim, na periferia de São José dos Campos. Ninguém foi preso.

Por volta das 23h30 de domingo, cinco homens armados dominaram os militares de plantão e em uma ação ousada conseguiram roubar sete fuzis de uso exclusivo das Forças Armadas. As armas FAL 7,62 mm são de fabricação nacional. Pesam cerca de 5 quilos cada e têm capacidade para 700 tiros por minuto, a uma distância de 900 metros.

Para conseguir entrar no batalhão, os homens destruíram uma cerca na parte de trás do local, onde a segurança não é reforçada, e escalaram um muro de 3,5 metros. Depois, se aproximaram dos militares, anunciaram o assalto, deram coronhadas na cabeça deles e os mantiveram reféns até o termino do roubo. Fugiram sem deixar pistas.

Como o alvo ficava no fundo do quartel, já se levantou a possibilidade de os bandidos terem tido acesso prévio a informações. O batalhão recebe todos os anos cerca de 200 jovens de 18 a 21 anos para o serviço militar obrigatório. Em dezembro, um pequeno grupo foi expulso, por associação para o tráfico. A ligação entre os dois casos é investigada. "Estamos analisando todas as hipóteses e, pela organização dos fatos, sabemos que eles (os planos dos bandidos) foram bem arquitetados por pessoas que conhecem a estrutura do batalhão", diz o tenente-coronel José Matheus Teixeira Ribeiro, chefe da Comunicação do Batalhão de Infantaria.

De acordo com o Exército, a segurança no local não é frágil e os criminosos se aproveitaram da troca de turnos. Na manhã de ontem, a unidade reforçou a segurança no local e abriu um inquérito militar para apurar as condições do crime.

O caso mais grave de ataque a um quartel do Exército ocorreu em março de 2006, com o roubo de 10 fuzis e 1 pistola de uma unidade em São Cristóvão, no Rio. Como resposta, as Forças Armadas iniciaram a Operação Cerco Total e subiram em 12 favelas, em busca dos criminosos. Doze dias depois do roubo, em 14 de março, as armas foram achadas num matagal entre os Morros do Vidigal e da Rocinha. O Exército admitiu - e depois negou - que a localização das armas foi revelada por traficantes - a presença de 1.200 militares nas favelas estava prejudicando a venda de drogas.

Em São Paulo, o caso mais grave ocorreu há dez anos, quando seis homens armados invadiram a 1ª Companhia do 40º Batalhão da Polícia Militar, em Iperó, região de Sorocaba. Eles mataram um soldado e conseguiram fugir, levando três armas.

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