Banco participa do programa habitacional à baixa renda


No dia da queda do seu presidente, o Banco do Brasil anunciou a sua estratégia para participar do programa governamental para construir um milhão de habitações para a população de baixa renda, batizado domo "Minha Casa, Minha Renda". A informação foi recebida com reservas pelo mercado financeiro, que vê os primeiros sinais de ingerência política na gestão do banco.

Até então, o BB, que começa a formar sua carteira de crédito imobiliário, havia informado que iria atuar num primeiro momento principalmente com as faixas de renda mais alta. Seria uma forma de, a partir dos segmentos com maior margem, aprender sobre o funcionamento do crédito habitacional.

Ontem, o BB sustentava que foi apenas uma coincidência o anúncio da participação no "Minha Casa, Minha Vida" ter acontecido no dia em que caiu o presidente do BB, Antonio Francisco de Lima Neto. A estratégia de participação no programa foi aprovada pelo conselho diretor já há alguns dias - e atende ao princípio de compatibilizar uma política pública do governo com os interesses estratégicos do BB.

O diretor de Novos Negócios de Varejo do BB, Paulo Rogério Caffarelli, disse que, enquanto os objetivos do governo são atingir prioritariamente as faixas de renda entre zero e dez salários mínimos, o BB irá se concentrar na faixa de renda entre três e dez salários.

A faixa entre zero e três salários ficará exclusivamente com a Caixa Econômica Federal. Dessa forma, não houve mudança substancial nos planos do BB, que desde o início anunciou que iria trabalhar na faixa de renda entre cinco e dez salários.

Inicialmente, informa Caffarelli, o BB irá trabalhar com R$ 500 milhões em recursos do Fundo de Garantia do tempo de Serviço (FGTS). Os recursos deverão ser emprestados por meio de construtoras, que, mais tarde, podem transferir os financiamentos para mutuários.

"O financiamento a construtoras é o carro-chefe da atuação de bancos privados, que constroem boa parte de suas carteiras de crédito imobiliário", diz Caffarelli. Segundo ele, o BB já tem mapeado um conjunto de 2,6 mil construtoras com faturamento a partir de R$ 10 milhões que podem dar início à carteira. "Se a gente não atender a esse mercado, nossos concorrentes privados o farão", diz Caffarelli. O objetivo do BB é estar entre os três maiores no crédito imobiliário até 2012.

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