Embarcamos na ilusão que confunde público e privado, disse o deputado
O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) confirmou ontem que cedeu passagens aéreas de sua cota para a filha Tami, psicóloga, visitar a irmã Maya, surfista profissional, que mora no Havaí. Anteontem, Gabeira afirmara que não gostaria de expor os beneficiários de sua cota, e ontem ainda tentou proteger o nome das filhas. Ele já havia revelado a cessão de bilhetes a um monge budista, para uma manifestação em São Paulo, e a uma autoridade da Defesa Civil de Santa Catarina, que palestrou sobre a enchente no estado na Câmara.
O deputado disse que fará hoje um discurso em que vai propor três medidas. A primeira, anular o ato da Mesa Diretora que permitiu o uso da cota com bilhetes para parentes dos deputados. A segunda, a divulgação de todos os gastos com passagens na internet.
Gabeira vai defender ainda um programa de redução de custos da Casa e do parlamentar, inclusive com devolução de cotas não utilizadas.
— Vou propor um caminho de reconciliação da instituição com a sociedade — disse Gabeira.
O deputado reconheceu o desgaste do Parlamento com o escândalo da farra das passagens, mas disse ver aspectos saudáveis na crise, como colocar em xeque a visão patrimonialista dos políticos e da sociedade brasileira e ainda reforçar a ideia de que o melhor caminho é a transparência da atividade pública: — Minha decisão é para me permitir dignidade para exigir da Câmara um ajuste de conduta. Eu estou plenamente integrado a esse ajuste de conduta. Se não conseguir, abandono a política. Termino meu mandato e não volto mais.
Gabeira concorreu ano passado à prefeitura do Rio e sempre defendeu a bandeira da ética na política. Sobre a farra das passagens, publicou em seu site o seguinte: “Desta vez, não somos aqueles que não erraram contra os que erraram. Todos nós erramos ao longo desses anos, porque consideramos a cota de passagens como propriedade nossa, embarcando na grande ilusão cultural brasileira que confunde o público com o privado”.
Todo mundo sabia que Gabeira não representava algo novo e diferente.
ResponderExcluirEle já foi candidato varias vezes e agora fez um marketing diferente, que quase colou. Até agora apareceram as passagens
mas, outras virão.