Menos de uma semana após a posse da nova direção, o Banco do Brasil já começou a seguir o plano do governo de expandir a oferta de crédito. Na primeira entrevista de Aldemir Bendine, novo presidente do BB, foram anunciadas a estreia do banco no crédito imobiliário, com adesão ao programa federal "Minha Casa, Minha Vida", e o início do financiamento para a compra de eletrodomésticos. Ele indicou, ainda, que os juros cobrados dos clientes cairão hoje, após a decisão de corte da taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
A atuação mais agressiva do BB no crédito atende aos pedidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que defendem a expansão dos empréstimos como forma de reduzir o impacto da crise. Essa estratégia do Palácio do Planalto acelerou os planos do BB.
No segmento imobiliário, o banco ensaia o início das operações há anos. Mesmo com a autorização recebida em 2008 para operar recursos da poupança, o BB mantinha apenas uma operação embrionária.
Agora, a troca de presidente serviu de empurrão e o banco adere ao programa habitacional do governo com R$ 500 milhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Caso haja necessidade, recursos do próprio banco podem ser adicionados.
A intenção é atuar na faixa entre 3 e 10 salários mínimos. Em 60 dias, o banco deve estar apto a iniciar a análise do cadastro dos interessados.
Ainda nessa área, o BB também anunciou financiamento de R$ 20 milhões para a construtora Cyrela construir 500 unidades voltadas à baixa renda em Sorocaba. Nesse caso, porém, o crédito será direto para a empresa.
Eletrodomésticos são a outra frente de atuação do BB. Seguindo passos da Caixa Econômica Federal, o banco terá uma linha para geladeiras, fogões e máquinas de lavar, ramo até então inexplorado pelo banco. O crédito será destinado a clientes do BB, que terão 60 meses para pagar e até 6 meses para a quitar a primeira parcela. Os recursos serão oferecidos diretamente em 18 varejistas que já fecharam acordo com o BB.
Mesmo com o anúncio de duas operações alinhadas com as ações recentes do governo, Bendine rechaçou as pressões políticas. Ele chegou a negar declaração de Mantega no início deste mês, quando foi anunciada a troca de comando no banco, de que haveria um "contrato de gestão" com metas para o BB expandir o crédito e cortar os spreads - diferença entre a taxa de captação e empréstimo.
"Não existe um contrato formal de gestão e ponto. Isso foi uma força de expressão usada pelo ministro. Tenho, sim, um compromisso pessoal com o ministro em relação a algumas diretrizes, como o destravamento do crédito, uma atuação mais incisiva com maior velocidade e aumento do volume."
Bendine aproveitou para dizer que o BB deve anunciar hoje a primeira redução dos juros de sua gestão. "Não é só o BB que vai vivenciar isso (queda do spread), mas todo o sistema financeiro. O spread é composto por vários fatores, inclusive a Selic. Se a Selic cair, o spread cai para se adequar." O mercado espera corte de 1 ponto porcentual na Selic, para 10,25%.
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