Governistas temem que propagação da tese do 3º mandato enfraqueça ministra


As propostas e manifestações de parlamentares da base aliada do Palácio do Planalto em defesa de um terceiro mandato consecutivo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são vistas com preocupação por lideranças governistas, pelo potencial de enfraquecimento da candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão presidencial.

A iniciativa mais recente é do deputado Jackson Barreto (PMDB-SE), que circula pelos corredores da Câmara com uma proposta de emenda constitucional (PEC) que permite que presidente, governadores e prefeitos disputem uma segunda reeleição. A promulgação da Emenda ficaria sujeita a referendo popular, que tem até data: segundo domingo de setembro de 2009. Ele afirma ter conseguido 178 assinaturas - sete a mais do que o mínimo necessário -, mas aguarda momento mais oportuno para protocolar a PEC.

Embora Lula já tenha manifestado publicamente rejeição à possibilidade de disputar novo mandato, quando a iniciativa estava com o deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), o deputado pemedebista diz que sua PEC manifesta "a vontade do povo nordestino", citando as políticas públicas do presidente para a região. "Um candidato de Lula no Nordeste é forte, mas não será mesma coisa. Ele nunca conseguirá transferir todo apoio que tem a outro", afirma Jackson.

Barreto disse estar adiando a formalização da PEC por se sentir "constrangido" pelo fato de a ministra Dilma Rousseff estar passando por um momento delicado, sofrendo em consequências do tratamento quimioterápico para combater um câncer no sistema linfático. Na próxima semana, o pemedebista pretende fazer uma "avaliação do quadro da ministra" para definir a data em que a PEC será protocolada.

Na segunda-feira, foi a vez do deputado Fernando Marroni (PT-RS) discursar na tribuna em defesa da realização de um plebiscito para que a população decida sobre a tese do terceiro mandato de Lula. "Não posso me conformar que as leis brasileiras impeçam que tenha continuidade a liderança desse homem. São poucos os líderes no mundo. De vez em quando surge um gênio. Esse é um gênio brasileiro", afirmou.

Ontem o assunto foi discutido na reunião da coordenação da bancada do PT na Câmara. Marroni estava presente e defendeu sua tese. Recebeu críticas das lideranças do partido, sob o argumento de que, se o PT discute o terceiro mandato para Lula, é porque não acredita em sua opção - a candidatura de Dilma. Os petistas saíram da reunião dizendo que o lema, agora, é dizer que a ministra representa o terceiro mandato. "Não há razão para ficar especulando sobre algo que não existe", diz o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

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