A Petrobras lucrou R$ 5,8 bilhões nos três primeiros meses do ano, valor 20% inferior ao de igual período de 2008 e 6% menor que a quantia do último trimestre. Porém, o resultado divulgado ontem pela companhia superou as expectativas do mercado, que projetava ganhos em torno de R$ 5 bilhões para o período.
A política de preços estáveis da Petrobras garantiu-lhe uma receita R$ 42,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano. O resultado é 9% menor que o registrado há um ano - uma queda muito mais suave que do o tombo da cotação do petróleo no mesmo período. O valor médio do barril de óleo despencou de US$ 96,90 nos três primeiros anos de 2008 para US$ 44,40 em igual trimestre de 2009 - uma baixa de 55%.
O comportamento do lucro também ficou longe de refletir a magnitude da queda dos preços internacionais do petróleo. A Petrobras lucrou R$ 5,8 bilhões nos três primeiros meses do ano e superou as expectativas do mercado. O resultado é 20% inferior ao registrado no primeiro trimestre de 2008 e 6% menor que o valor do último trimestre. Luiz Otávio Broad, da Ágora, estimou lucro de R$ 4,5 bilhões e receita de R$ 39,8 bilhões.
A manutenção dos preços internos explica em parte por que lucro e receita não diminuíram na mesma magnitude que a queda das cotações de petróleo, segundo o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa. O preço médio de realização da Petrobras, de R$ 163, não mudou entre o primeiro trimestre de 2008 e o primeiro trimestre deste ano.
O aumento de 7% na produção de petróleo também ajudou a empresa, já que resultou em exportações maiores. "A produção cresceu e vai continuar crescendo por causa da entrada de mais quatro plataformas", afirmou. O aumento da produção levou ao aumento das exportações. Mesmo com um saldo positivo entre importações e exportações de 100 mil barris de petróleo e derivados, porém, a empresa continuou no vermelho no valor da balança comercial. De janeiro a março, a empresa exportou 666 mil barris diários e importou 566 mil barris diários. Como exporta produtos de menor valor do que importa, amargou saldo negativo de US$ 150 milhões. É, porém, um déficit menos amargo do que os US$ 775 milhões verificados há um ano.
Por outro lado, as vendas internas de derivados de petróleo recuaram 8% em relação ao que era vendido um ano antes. Paralelamente, o uso das refinarias aumentou. A utilização da capacidade instalada nas unidades de refino da Petrobras foi de 91%, apesar da crise financeira e do recuo da demanda. O aumento do refino foi consequencia da produção média de 2,165 milhões de barris no trimestre e dos investimentos em modernização das refinarias, que estão permitindo o aumento no processamento de óleo pesado, produzido no Brasil.
As despesas financeiras dispararam em um ano, de R$ 236 milhões para US$ 849 milhões, por causa do maior pagamento de juros. A Petrobras precisou tomar empréstimos para fazer frente aos elevados investimentos previstos. Tanto que, neste trimestre, os investimentos da estatal superaram a geração de caixa. O resultado é a necessidade de captações. "O lucro líquido foi resultado de uma alteração nas despesas financeiras, porque a empresa tem um nível de endividamento maior e paga mais juros", disse o diretor.
Barbassa informou que três operações foram concluídas e mais um aporte de R$ 25 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será realizado ainda neste mês. "Não está incluído no primeiro trimestre as negociações com o BNDES e ainda falta uma parcela dos US$ 6,5 bilhões do empréstimo ponte que fizemos", completou.
O ganho antes de impostos, juros, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) ficou em R$ 13,4 bilhões, queda de 5% comparado ao primeiro trimestre de 2008. A empresa também perdeu com as variações do câmbio, já que possui ativos no exterior.
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