São "pizzaiolos" sim senhor


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve ontem a estratégia de defender José Sarney das acusações de falta de decoro parlamentar – relacionadas ao desvio de dinheiro de patrocínio da Petrobras enviado para a fundação que leva seu nome, em São Luis, no Maranhão. O senador, que vinha sendo pressionado por sua atuação na edição de atos secretos na casa, declarou que não tinha ingerência administrativa sobre a instituição, mas acabou desmentido por documentos.

– Se cada pessoa renunciar quando alguém faz uma denúncia sem provas e antes de ser provado, o Brasil não vai ter nem síndico mais –, declarou o presidente, após cerimônia de posse do presidente da Empesa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes. Para Lula, "a apuração é fundamental para que não se crie uma crise desnecessária".

– Estou convencido de que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. E segundo, todas as denúncias são carecedoras de investigação e, se provadas, seja o presidente da República ou o do Senado, tem que ser punido – afirmou.

Para Lula, as decisões adotadas por Sarney desde que as denúncias começaram a surgir estão corretas, como a de contratar a Fundação Getulio Vargas para apresentar uma proposta de reestruturação para o Senado e pedir que se investigue o próprio neto. O presidente afirmou ainda que há pessoal capacitado para apurar tudo que estiver errado.

– No Senado só tem gente experiente, você pensa que tem algum bobo no Senado, o bobo é o que não foi eleito, os espertos estão todos eleitos – emendou. Lula também comentou a instalação da CPI da Petrobras.

– A mim não me preocupa. Pode ser muito interessante para quem quer fazer um carnaval, mas, para quem quer investigar seriamente, precisa ter outros mecanismos – afirmou o presidente, ressaltando que sua preocupação é o pré-sal. – Enquanto a oposição grita, eu trabalho.

A declaração de Lula que causou polêmica no meio político, no entanto, foi feita após ouvir de um jornalista que se comenta a possibilidade de a CPI do Senado terminar em pizza temperada com pré-sal.

– Depende, todos eles são bons pizzaiolos – ironizou.

A declaração foi duramente criticada por senadores oposicionistas e da base aliada. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) propôs que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), formalize uma nota de repúdio em nome dos 81 senadores. Já o vice-presidente do Senado, Marconi Perillo (PSDB-GO), afirmou que vai pedir a Mesa Diretora que use o "carimbo" do Senado para cobrar explicações do presidente.

– O Senado tem tentado corrigir atos históricos, e o presidente da República às vezes diz o que não pensa. O presidente não tem autoridade moral para criticar o Senado – disparou. A crítica mais dura partiu do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). O tucano afirmou que o presidente é o maior pizzaiolo do país porque "passa a mão" em integrantes corruptos de seu governo.

– O presidente se tornou o maior pizzaiolo do país quando não tomou providencias e não puniu os acusados de seu governo envolvidos em corrupção. Ele sempre passou a mão por prática de atos ilícitos em seu governo. Não há respeito do presidente ao Senado e ao Parlamento. Ele tem direito de não respeitar pessoas, mas não a instituição – desabafou.

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