Em sua palestra, o deputado provocou a plateia de reitores e os representantes de institutos e centros federais de educação técnica, reunidos na reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), ao dizer que o mundo acadêmico tem que se engajar na tarefa de pensar o futuro do país, juntamente com os políticos e os empresários:
“Estive agora nos Estados Unidos e voltei convencido de que eles não só superarão a crise econômica como continuarão líderes das transformações na economia mundial”, disse o deputado, destacando que lá “os acadêmicos discutem alternativas de solução, o empresariado mantém os olhos atentos ao debate e o governo se propõe a viabilizar as propostas”.
Para Ciro Gomes, o Brasil está três gerações atrasado na corrida tecnológica mundial e, diante disso, ele mostrou preocupação no espaço que o país ocupa na economia mundial diante do crescimento da China. “A China vai fazer a Terra tremer. Se adotar o padrão de consumo que aí está, o planeta não suporta, o padrão de consumo é ambientalmente insustentável. Imaginem o volume de carros para atender o mercado chinês, movidos a combustível fóssil?”
Ciro Gomes disse, também, que não existe, na história, modelo de desenvolvimento que não se baseie em poupança interna e investimento doméstico. “Quando Lula assumiu em 2003, nosso patamar de poupança interna estava em torno de 13% do Produto Interno Bruto. Chegamos a 17%, mas a crise econômica mundial derrubou para 14%. A China tem 54% de poupança e a Coreia do Sul, 56% do PIB”, observou.
A solução para o Brasil, de acordo com Ciro Gomes, são “arranjos políticos” sem preconceitos e caricaturas do passado, como o antiamericanismo e o anticomunismo. “Como acontece nos Estados Unidos e na Europa, como foi feito na Coreia do Sul e na China, temos de reunir Estado, iniciativa privada e a academia para descobrir e traçar novos caminhos e alternativas. É fundamental criar uma ordenação estratégica entre Estado, empresariado e academia”, voltou a destacar.
Ele criticou o fato da imprensa estar "nas mãos de uns cinco grupos familiares”, por não dedicar o mesmo espaço dado aos escândalos também a assuntos como a votação do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) ou a extinção da cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados para o setor de exportação. Esta, segundo ele, é mais uma consequência da falta de método na vida brasileira.
Finalmente, o deputado tratou de mais um item que considera essencial ao desenvolvimento verdadeiro do país: o investimento nas pessoas, especialmente na formação delas. “A Argentina e o Chile têm o dobro da educação que nós temos. Precisamos tratar a educação pra valer, e os senhores e as senhoras têm participação fundamental nesta tarefa”, ressaltou.
Os reitores querem ouvir nas reuniões mensais do Conselho Pleno várias personalidades do mundo político. Foram convidados a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, os governadores José Serra e Aécio Neves (de São Paulo e de Minas Gerais), os senadores Cristóvam Buarque e Marina Silva e a presidente do P-SOL, Heloísa Helena.
Segundo o diretor da Andifes, Gustavo Balduíno, a intenção é ouvir não só possíveis candidatos à presidência da República no ano que vem, mas personalidades capazes de abordar a variada gama de temas propostos: segurança nacional, política nuclear, a liderança brasileira na América do Sul, analfabetismo, subnutrição e outros.
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