Ciro Gomes conclama educadores a pensar o futuro do país junto com políticos e empresários

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) abriu ontem (18) uma série de palestras promovidas pela Associação Nacional do Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para tratar de temas relativos ao desenvolvimento do país.

Em sua palestra, o deputado provocou a plateia de reitores e os representantes de institutos e centros federais de educação técnica, reunidos na reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), ao dizer que o mundo acadêmico tem que se engajar na tarefa de pensar o futuro do país, juntamente com os políticos e os empresários:

“Estive agora nos Estados Unidos e voltei convencido de que eles não só superarão a crise econômica como continuarão líderes das transformações na economia mundial”, disse o deputado, destacando que lá “os acadêmicos discutem alternativas de solução, o empresariado mantém os olhos atentos ao debate e o governo se propõe a viabilizar as propostas”.

Para Ciro Gomes, o Brasil está três gerações atrasado na corrida tecnológica mundial e, diante disso, ele mostrou preocupação no espaço que o país ocupa na economia mundial diante do crescimento da China. “A China vai fazer a Terra tremer. Se adotar o padrão de consumo que aí está, o planeta não suporta, o padrão de consumo é ambientalmente insustentável. Imaginem o volume de carros para atender o mercado chinês, movidos a combustível fóssil?”

Ciro Gomes disse, também, que não existe, na história, modelo de desenvolvimento que não se baseie em poupança interna e investimento doméstico. “Quando Lula assumiu em 2003, nosso patamar de poupança interna estava em torno de 13% do Produto Interno Bruto. Chegamos a 17%, mas a crise econômica mundial derrubou para 14%. A China tem 54% de poupança e a Coreia do Sul, 56% do PIB”, observou.

A solução para o Brasil, de acordo com Ciro Gomes, são “arranjos políticos” sem preconceitos e caricaturas do passado, como o antiamericanismo e o anticomunismo. “Como acontece nos Estados Unidos e na Europa, como foi feito na Coreia do Sul e na China, temos de reunir Estado, iniciativa privada e a academia para descobrir e traçar novos caminhos e alternativas. É fundamental criar uma ordenação estratégica entre Estado, empresariado e academia”, voltou a destacar.

Ele criticou o fato da imprensa estar "nas mãos de uns cinco grupos familiares”, por não dedicar o mesmo espaço dado aos escândalos também a assuntos como a votação do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF) ou a extinção da cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados para o setor de exportação. Esta, segundo ele, é mais uma consequência da falta de método na vida brasileira.

Finalmente, o deputado tratou de mais um item que considera essencial ao desenvolvimento verdadeiro do país: o investimento nas pessoas, especialmente na formação delas. “A Argentina e o Chile têm o dobro da educação que nós temos. Precisamos tratar a educação pra valer, e os senhores e as senhoras têm participação fundamental nesta tarefa”, ressaltou.

Os reitores querem ouvir nas reuniões mensais do Conselho Pleno várias personalidades do mundo político. Foram convidados a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, os governadores José Serra e Aécio Neves (de São Paulo e de Minas Gerais), os senadores Cristóvam Buarque e Marina Silva e a presidente do P-SOL, Heloísa Helena.

Segundo o diretor da Andifes, Gustavo Balduíno, a intenção é ouvir não só possíveis candidatos à presidência da República no ano que vem, mas personalidades capazes de abordar a variada gama de temas propostos: segurança nacional, política nuclear, a liderança brasileira na América do Sul, analfabetismo, subnutrição e outros.

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