Amorim se desliga do PMDB e vai para o PT

No mesmo dia em que filiou em seus quadros o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o PMDB perdeu para o PT o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. A notícia da filiação de Amorim foi comemorada pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), no microblog twitter. "É uma grande satisfação para nosso partido ter como filiado esse extraordinário ministro", disse.

Berzoini informou que Amorim ficará vinculado ao Diretório do PT de Teresópolis, cidade da região serrana do Rio de Janeiro, onde tem domicílio eleitoral. Por enquanto, de acordo com o presidente do PT, o ministro não pretende se candidatar a nada. E, se pensar em fazê-lo, conversará com a direção do PT sobre seu futuro e qual cadeira deve pleitear.

Enquanto permaneceu no PMDB, Amorim não teve atividades partidárias. De acordo com explicação de Berzoini, o ministro lhe disse que entrou para o PMDB por causa de Ulysses Guimarães (SP), deputado que teve importância fundamental no processo de redemocratização do País.

Em partidos diferentes agora, Amorim e Meirelles têm um ponto em comum. São, ao lado do general Jorge Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, e do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, os únicos que permanecem nos mesmos cargos desde a primeira posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em primeiro de janeiro de 2003.

Amorim havia sido ministro das Relações Exteriores na gestão de Itamar Franco (1992-1994), depois de passar pela Secretaria-Geral do Itamaraty. Iniciou sua carreira diplomática como terceiro-secretário, em 1965. No governo de Ernesto Geisel (1974-1979) foi assessor do então ministro Azeredo da Silveira; no de João Figueiredo (1979-1985) foi diretor-geral da Empresa Brasileira de Cinema (Embrafilme).

Como ocorreu com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, Amorim também teve o currículo alterado na internet, com o registro de conclusão de cursos que não havia feito. No caso do chanceler, ele jamais teve o título de doutor em Ciências Políticas e Econômicas pela London School of Economics.

A filiação de Amorim recebeu críticas do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG). "Estranho é a filiação se dar no momento em que há uma correria para a mudança de partido por parte dos que pretendem ser candidatos a algum cargo no ano que vem", disse Azeredo. "Se ele não tivesse essa intenção, não precisaria fazer nada agora. Isso pode atrapalhar a condução de nossa política externa."

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