O vazamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e a consequente frustração de professores e alunos por conta do adiamento colocaram o ministro da Educação, Fernando Haddad, em uma posição que, até então, ele ainda não havia ocupado com tanta clareza: o de gerenciador de uma crise nacional e seus naturais desgastes. A dúvida — como sempre ocorre nesses casos — é saber como Haddad se sairá ao fim de um tiroteio inevitável. Até porque, entre as pretensões políticas do ministro, há uma eleição para deputado no ano que vem.
Segundo o cientista político Cristiano Noronha, o ministro tem que aproveitar o perfil técnico e a fama de bom negociador para garantir a aplicação dos novos testes em condições perfeitas de segurança e tranquilidade com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da crise atual. “No fim das contas, ele não sai morto do episódio, mas teve, sem dúvida, a imagem arranhada. Conseguindo garantir a reaplicação do exame, parte dos efeitos negativos se dissipa”, explica Noronha.
Para o especialista, o escândalo da fraude ocorre relativamente próximo das eleições, mas talvez não tão perto a ponto de ser lembrado. “Sabemos que a memória das pessoas não é boa, de forma que a repercussão acaba sendo maior que o impacto direto.”
Cristovam faz críticas a Haddad, mas não acredita que a crise atual derrube Haddad. “Ele continua credenciado a ser candidato a presidente ou governador”, diz. Isso porque — avalia o ex-ministro — dificilmente a opinião pública colocará nas costas do ministro a responsabilidade pela decisão precipitada de escolher uma empresa cuja incapacidade de realizar um exame do tamanho do Enem era evidente. Na seara política, tal ideia é clara. “Ele não teve culpa do que ocorreu”, adianta-se o deputado estadual de São Paulo Fernando Capez (PSDB).
Quando questionado sobre como esse fato refletiria numa possível candidatura de Haddad em São Paulo — a deputado, por exemplo — o deputado estadual Adriano Diogo (PT) atribui ao governador José Serra uma campanha que está sendo feita contra o Enem com o intuito de desqualificar o ministro. “O Serra está mobilizando as universidades paulistas a não usarem as notas do Enem para prejudicar o governo Lula”, diz.
Longo prazo
Enquanto isso, pelo menos entre os reitores, o apoio a Haddad tem se mostrado inabalável. Exceto algumas poucas instituições que decidiram desistir de usar a nota do Enem neste ano, não houve, durante os desdobramentos da fraude na avaliação, qualquer posição pública de ataque ou descrédito. Na verdade, a capacidade de negociação e convencimento do ministro perante os dirigentes vem sendo afiada há seis meses, quando ele apresentou a proposta do Enem como seleção unificada para ingresso em universidades públicas do país. Várias concessões foram feitas por Haddad para se chegar a um número razoável de instituições utilizando o Enem em seu vestibular — mais de 40 —, ainda que de forma parcial.
Segundo o cientista político Cristiano Noronha, o ministro tem que aproveitar o perfil técnico e a fama de bom negociador para garantir a aplicação dos novos testes em condições perfeitas de segurança e tranquilidade com o objetivo de minimizar os efeitos negativos da crise atual. “No fim das contas, ele não sai morto do episódio, mas teve, sem dúvida, a imagem arranhada. Conseguindo garantir a reaplicação do exame, parte dos efeitos negativos se dissipa”, explica Noronha.
Para o especialista, o escândalo da fraude ocorre relativamente próximo das eleições, mas talvez não tão perto a ponto de ser lembrado. “Sabemos que a memória das pessoas não é boa, de forma que a repercussão acaba sendo maior que o impacto direto.”
Cristovam faz críticas a Haddad, mas não acredita que a crise atual derrube Haddad. “Ele continua credenciado a ser candidato a presidente ou governador”, diz. Isso porque — avalia o ex-ministro — dificilmente a opinião pública colocará nas costas do ministro a responsabilidade pela decisão precipitada de escolher uma empresa cuja incapacidade de realizar um exame do tamanho do Enem era evidente. Na seara política, tal ideia é clara. “Ele não teve culpa do que ocorreu”, adianta-se o deputado estadual de São Paulo Fernando Capez (PSDB).
Quando questionado sobre como esse fato refletiria numa possível candidatura de Haddad em São Paulo — a deputado, por exemplo — o deputado estadual Adriano Diogo (PT) atribui ao governador José Serra uma campanha que está sendo feita contra o Enem com o intuito de desqualificar o ministro. “O Serra está mobilizando as universidades paulistas a não usarem as notas do Enem para prejudicar o governo Lula”, diz.
Longo prazo
Enquanto isso, pelo menos entre os reitores, o apoio a Haddad tem se mostrado inabalável. Exceto algumas poucas instituições que decidiram desistir de usar a nota do Enem neste ano, não houve, durante os desdobramentos da fraude na avaliação, qualquer posição pública de ataque ou descrédito. Na verdade, a capacidade de negociação e convencimento do ministro perante os dirigentes vem sendo afiada há seis meses, quando ele apresentou a proposta do Enem como seleção unificada para ingresso em universidades públicas do país. Várias concessões foram feitas por Haddad para se chegar a um número razoável de instituições utilizando o Enem em seu vestibular — mais de 40 —, ainda que de forma parcial.
Para Mozart Neves Ramos, presidente executivo da entidade Todos Pela Educação e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), há um apoio por parte dos dirigentes de instituições de ensino superior devido à importância do Enem. “Se todos não tivessem convencidos, era fácil achar desculpas para sair.”
A união por parte do governo, que colocou à disposição de Haddad para a nova aplicação do Enem a Polícia Federal, a Força Nacional e o Exército, é mais um esforço para preservar de qualquer mácula uma área tão importante, na avaliação de Noronha. “Não tomar providências num momento desses,cria uma imagem ruim. O prejuízo eleitoral poderia ser grande. E o governo sabe disso”, explica o cientista político.No fim das contas, ele não sai morto do episódio, mas teve, sem dúvida, a imagem arranhada”
Cristiano Noronha, cientista político
Cristiano Noronha, cientista político
Quem é
# Nascido em São Paulo
# 46 anos
# Bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia, sempre pela USP
# Além de professor, atuou como analista de investimento, consultor da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), chefe de Gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Município de São Paulo e secretário executivo do Ministério da Educação
# Nomeado em 2005 como ministro da Educação
# Cinco livros publicados
# 46 anos
# Bacharel em direito, mestre em economia e doutor em filosofia, sempre pela USP
# Além de professor, atuou como analista de investimento, consultor da Fundação de Pesquisas Econômicas (Fipe), chefe de Gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura do Município de São Paulo e secretário executivo do Ministério da Educação
# Nomeado em 2005 como ministro da Educação
# Cinco livros publicados
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