Distrito Federal: Partido ouvirá governador hoje para decidir entre expulsão ou pedido de desfiliação
Arruda ignora gravidade de acusação gravada: "Açodados juízos colocam em risco a soberania da verdade"
A Polícia Federal descobriu um esquema de pagamento de propinas envolvendo o governador José Roberto Arruda, o único eleito pelo Democratas em 2006. A revelação tem reflexos na aliança entre PSDB e o DEM na eleição de 2010.
A direção do DEM rapidamente se deu conta da gravidade da denúncia, mas atendendo um pedido de Arruda, ouvirá hoje suas explicações. A tendência é expulsar ou pedir que Arruda se desfilie do Democratas. Ainda assim a avaliação dos demistas é que o efeito das denúncias contra o governador tenham um efeito eleitoral devastador para a sigla, independentemente da decisão que vier a ser tomada pela Justiça.
O PSDB, parceiro do DEM, quer uma solução rápida para o caso, mas evitou se envolver institucionalmente. Houve manifestações individuais como a do senador Álvaro Dias, do Paraná. A cúpula tucana quer uma solução rápida por temer um desgaste ainda maior do que o que teve com as denúncias que envolveram a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, cuja reprovação do eleitorado chegou a 74%. O destino de Arruda deve ser o mesmo: "sangrar" lentamente, se antes não renunciar ou for destituído do cargo.
Colegas de partido que estiveram com Arruda no final de semana dizem que o governador ainda não parece ter se dado conta da gravidade da situação. Prova disso é a nota por ele divulgada ontem: "Queremos dizer que estamos tranquilos, porque sabemos de nossa inocência, e confiamos no sereno e isento trabalho da Justiça de nosso País, onde a verdade sempre acaba se afirmando".
No segundo parágrafo, a nota diz que Arruda repele "os açodados juízos que, muito mais que atingir o princípio constitucional da presunção de inocência, colocam em risco a soberania da verdade".
Arruda se diz vítima de uma "trama" engendrada por adversários, "valendo-se de pessoa que, à busca das benesses da delação premiada, por atos que praticou nos oito anos do governo anterior, urdiu, de forma capciosa e premeditada, versão mentirosa dos fatos para tentar manchar o trabalho sério e bem sucedido que tem sido feito pela nossa administração".
O problema de Arruda é de credibilidade: em 2000, o então senador do PSDB e líder do governo Fernando Henrique Cardoso subiu à tribuna do Senado para declarar inocência no episódio da quebra do sigilo da votação que cassou o mandato do senador Luiz Estevão. Jurou inclusive pela família. No dia seguinte voltou à tribuna para confessar o crime e se desculpar. Em 2002 foi o deputado federal mais votado do DF.
O DEM, que nos últimos anos, tem resolvido sumariamente casos de denúncia de corrupção contra seus filiados, soltou nota assinada por seu presidente, Rodrigo Maia (RJ), logo depois de a denúncia ter-se tornado pública: "As graves denúncias feitas contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda exigem esclarecimentos convincentes. O partido tem o compromisso com a verdade e aguarda a manifestação oficial do governador para poder se pronunciar"
Com a denúncia contra Arruda o Democrata perde o pouco poder de negociação junto ao PSDB. A partir de agora, o partido não pode mais reivindicar a vice-presidência, cargo para o qual o governador do Distrito Federal era um dos cotados. Na realidade, ninguém no partido ganha com a desgraça de Arruda - o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já era uma engrenagem no esquema eleitoral do governador paulista José Serra, em franca rota de colisão com a ala do presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ).
No PSDB as acusações contra Arruda causam preocupação. O governador José Serra, o mais provável candidato dos tucanos, perde de uma vez por todas o argumento do mensalão para ser usado contra o PT na eleição de 2010 - o que de uma certa forma já havia ocorrido com o mensalinho mineiro, pelo qual se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-governador e atual senador Eduardo Azeredo. O assunto também não é bom para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
O tucano mineiro, além de ter aliados envolvidos no mensalinho, é o candidato preferido de Arruda, entre os tucanos, à Presidência da República. Dirigentes do PSDB, aliás, fizeram uma busca no Youtube tão logo foram veiculadas as denúncias contra Arruda. Nenhuma aparição de Serra com o governador foi achada - mas há o filme de uma visita de dirigentes do DEM a Aécio que termina com um discurso do governador de Brasília em apoio à candidatura do colega mineiro a presidente.
Com a eleição de Arruda para o governo, em 2006, Brasília havia se transformado em uma espécie de "governo do PFL no exílio" - o DEM é o sucessor da sigla pefelista. Vários expoentes pefelistas como o ex-senador José Jorge, atual ministro do TCU, e o ex-governador do Paraná Jaime Lerner prestaram ou prestam serviços ao GDF. Mas o episódio é ruim para a oposição como um todo, num momento em que PSDB e Democratas já tinham dificuldades em lidar com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Arruda ignora gravidade de acusação gravada: "Açodados juízos colocam em risco a soberania da verdade"
A Polícia Federal descobriu um esquema de pagamento de propinas envolvendo o governador José Roberto Arruda, o único eleito pelo Democratas em 2006. A revelação tem reflexos na aliança entre PSDB e o DEM na eleição de 2010.
A direção do DEM rapidamente se deu conta da gravidade da denúncia, mas atendendo um pedido de Arruda, ouvirá hoje suas explicações. A tendência é expulsar ou pedir que Arruda se desfilie do Democratas. Ainda assim a avaliação dos demistas é que o efeito das denúncias contra o governador tenham um efeito eleitoral devastador para a sigla, independentemente da decisão que vier a ser tomada pela Justiça.
O PSDB, parceiro do DEM, quer uma solução rápida para o caso, mas evitou se envolver institucionalmente. Houve manifestações individuais como a do senador Álvaro Dias, do Paraná. A cúpula tucana quer uma solução rápida por temer um desgaste ainda maior do que o que teve com as denúncias que envolveram a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius, cuja reprovação do eleitorado chegou a 74%. O destino de Arruda deve ser o mesmo: "sangrar" lentamente, se antes não renunciar ou for destituído do cargo.
Colegas de partido que estiveram com Arruda no final de semana dizem que o governador ainda não parece ter se dado conta da gravidade da situação. Prova disso é a nota por ele divulgada ontem: "Queremos dizer que estamos tranquilos, porque sabemos de nossa inocência, e confiamos no sereno e isento trabalho da Justiça de nosso País, onde a verdade sempre acaba se afirmando".
No segundo parágrafo, a nota diz que Arruda repele "os açodados juízos que, muito mais que atingir o princípio constitucional da presunção de inocência, colocam em risco a soberania da verdade".
Arruda se diz vítima de uma "trama" engendrada por adversários, "valendo-se de pessoa que, à busca das benesses da delação premiada, por atos que praticou nos oito anos do governo anterior, urdiu, de forma capciosa e premeditada, versão mentirosa dos fatos para tentar manchar o trabalho sério e bem sucedido que tem sido feito pela nossa administração".
O problema de Arruda é de credibilidade: em 2000, o então senador do PSDB e líder do governo Fernando Henrique Cardoso subiu à tribuna do Senado para declarar inocência no episódio da quebra do sigilo da votação que cassou o mandato do senador Luiz Estevão. Jurou inclusive pela família. No dia seguinte voltou à tribuna para confessar o crime e se desculpar. Em 2002 foi o deputado federal mais votado do DF.
O DEM, que nos últimos anos, tem resolvido sumariamente casos de denúncia de corrupção contra seus filiados, soltou nota assinada por seu presidente, Rodrigo Maia (RJ), logo depois de a denúncia ter-se tornado pública: "As graves denúncias feitas contra o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda exigem esclarecimentos convincentes. O partido tem o compromisso com a verdade e aguarda a manifestação oficial do governador para poder se pronunciar"
Com a denúncia contra Arruda o Democrata perde o pouco poder de negociação junto ao PSDB. A partir de agora, o partido não pode mais reivindicar a vice-presidência, cargo para o qual o governador do Distrito Federal era um dos cotados. Na realidade, ninguém no partido ganha com a desgraça de Arruda - o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, já era uma engrenagem no esquema eleitoral do governador paulista José Serra, em franca rota de colisão com a ala do presidente do partido, Rodrigo Maia (RJ).
No PSDB as acusações contra Arruda causam preocupação. O governador José Serra, o mais provável candidato dos tucanos, perde de uma vez por todas o argumento do mensalão para ser usado contra o PT na eleição de 2010 - o que de uma certa forma já havia ocorrido com o mensalinho mineiro, pelo qual se tornou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) o ex-governador e atual senador Eduardo Azeredo. O assunto também não é bom para o governador de Minas Gerais, Aécio Neves.
O tucano mineiro, além de ter aliados envolvidos no mensalinho, é o candidato preferido de Arruda, entre os tucanos, à Presidência da República. Dirigentes do PSDB, aliás, fizeram uma busca no Youtube tão logo foram veiculadas as denúncias contra Arruda. Nenhuma aparição de Serra com o governador foi achada - mas há o filme de uma visita de dirigentes do DEM a Aécio que termina com um discurso do governador de Brasília em apoio à candidatura do colega mineiro a presidente.
Com a eleição de Arruda para o governo, em 2006, Brasília havia se transformado em uma espécie de "governo do PFL no exílio" - o DEM é o sucessor da sigla pefelista. Vários expoentes pefelistas como o ex-senador José Jorge, atual ministro do TCU, e o ex-governador do Paraná Jaime Lerner prestaram ou prestam serviços ao GDF. Mas o episódio é ruim para a oposição como um todo, num momento em que PSDB e Democratas já tinham dificuldades em lidar com a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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