A quatro dias de ser expulso pelo DEM, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, pôs em andamento uma manobra para tentar escapar do impeachment e salvar o seu mandato. Nos últimos dias, ele reuniu a base partidária na Câmara Legislativa do Distrito Federal e avisou que não renunciará. Ainda ordenou que os aliados se dividissem em novos blocos partidários, para controlar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará as denúncias de pagamento de propina para o governador, integrantes do seu governo e deputados aliados, flagrados em gravações de vídeo que mostram partilha de dinheiro. O "mensalão do DEM" veio à tona com a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, há dez dias.
A operação-abafa, deflagrada por Arruda, fez com que fossem formados quatro blocos com 14 deputados aliados distribuídos entre eles. Como o regimento da Câmara Legislativa prevê o critério de proporcionalidade para definir quem fica com as vagas e cargos importantes de comissões permanentes e especiais, como uma CPI, a formação dos blocos garante a hegemonia para o grupo político do governador.
Na composição anterior, o PT, que faz oposição a Arruda, tinha a maior bancada. Crescia, assim, o risco político para o governador, uma vez que um petista assumiria uma das funções estratégicas na CPI. Com a recomposição de forças na Casa, os blocos aliados poderão indicar a maioria dos cinco integrantes da CPI, tendo força para escolher o presidente e ainda ficar com a relatoria.
Como o ano legislativo está terminando e as comissões permanentes terão suas composições redefinidas no início de 2010, os aliados também poderão manter o controle de comissões importantes, como a de Constituição e Justiça, por onde passam os pedidos de impeachment contra Arruda.
PRESSÃO POPULAR
A manobra aconteceu logo depois que Arruda percebeu que corria risco de perder o mandato por conta das denúncias e pela pressão da oposição e da opinião pública. O movimento foi tão explícito que os comunicados oficiais de formação de cada bloco foram publicados no Diário da Câmara Legislativa com o mesmo erro de concordância. Os quatro informes trazem estampada a seguinte expressão: "Os deputados abaixo assinados indica."
Arruda e seus aliados ainda trabalham para neutralizar uma possível ação do grupo do ex-governador do DF Joaquim Roriz, candidato à sucessão local em 2010. Para isso, ameaçam ampliar o período de investigação da CPI até o mandato exercido por Roriz, uma vez que o pivô do escândalo e denunciante das irregularidades, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, autor das gravações, também trabalhou no governo anterior.
Como o pedido de CPI - proposto pela oposição - foi acertado politicamente, mas não formalizado (faltam as assinaturas), ainda há tempo para articulações parlamentares que resultariam na ampliação das investigações até a gestão Roriz.
A solução ideal para o grupo de Arruda, no entanto, é o esvaziamento da investigação - repetindo o que ocorreu em outras CPIs abertas pela Câmara do DF no passado. A decisão será tomada amanhã. Alguns aliados do governador não descartam a possibilidade de a comissão nem ser instalada, embora achem improvável, por causa da reação popular.
Apesar da movimentação, a situação política de Arruda continua desesperadora. Desde o início do escândalo, ele fez raríssimas aparições públicas e comanda a administração praticamente sem poder andar nas ruas de Brasília. Na sexta-feira, ele tentou romper o isolamento e foi fiscalizar o andamento de uma obra em Vicente Pires, periferia da capital federal.
Com a Câmara Legislativa ocupada por estudantes - que anunciaram ontem a disposição de permanecer no local, apesar da decisão da Justiça de ordenar a reintegração de posse - e protestos diários em vários pontos da capital, porém, Arruda terá dificuldades para repetir o gesto.
A operação-abafa, deflagrada por Arruda, fez com que fossem formados quatro blocos com 14 deputados aliados distribuídos entre eles. Como o regimento da Câmara Legislativa prevê o critério de proporcionalidade para definir quem fica com as vagas e cargos importantes de comissões permanentes e especiais, como uma CPI, a formação dos blocos garante a hegemonia para o grupo político do governador.
Na composição anterior, o PT, que faz oposição a Arruda, tinha a maior bancada. Crescia, assim, o risco político para o governador, uma vez que um petista assumiria uma das funções estratégicas na CPI. Com a recomposição de forças na Casa, os blocos aliados poderão indicar a maioria dos cinco integrantes da CPI, tendo força para escolher o presidente e ainda ficar com a relatoria.
Como o ano legislativo está terminando e as comissões permanentes terão suas composições redefinidas no início de 2010, os aliados também poderão manter o controle de comissões importantes, como a de Constituição e Justiça, por onde passam os pedidos de impeachment contra Arruda.
PRESSÃO POPULAR
A manobra aconteceu logo depois que Arruda percebeu que corria risco de perder o mandato por conta das denúncias e pela pressão da oposição e da opinião pública. O movimento foi tão explícito que os comunicados oficiais de formação de cada bloco foram publicados no Diário da Câmara Legislativa com o mesmo erro de concordância. Os quatro informes trazem estampada a seguinte expressão: "Os deputados abaixo assinados indica."
Arruda e seus aliados ainda trabalham para neutralizar uma possível ação do grupo do ex-governador do DF Joaquim Roriz, candidato à sucessão local em 2010. Para isso, ameaçam ampliar o período de investigação da CPI até o mandato exercido por Roriz, uma vez que o pivô do escândalo e denunciante das irregularidades, o ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, autor das gravações, também trabalhou no governo anterior.
Como o pedido de CPI - proposto pela oposição - foi acertado politicamente, mas não formalizado (faltam as assinaturas), ainda há tempo para articulações parlamentares que resultariam na ampliação das investigações até a gestão Roriz.
A solução ideal para o grupo de Arruda, no entanto, é o esvaziamento da investigação - repetindo o que ocorreu em outras CPIs abertas pela Câmara do DF no passado. A decisão será tomada amanhã. Alguns aliados do governador não descartam a possibilidade de a comissão nem ser instalada, embora achem improvável, por causa da reação popular.
Apesar da movimentação, a situação política de Arruda continua desesperadora. Desde o início do escândalo, ele fez raríssimas aparições públicas e comanda a administração praticamente sem poder andar nas ruas de Brasília. Na sexta-feira, ele tentou romper o isolamento e foi fiscalizar o andamento de uma obra em Vicente Pires, periferia da capital federal.
Com a Câmara Legislativa ocupada por estudantes - que anunciaram ontem a disposição de permanecer no local, apesar da decisão da Justiça de ordenar a reintegração de posse - e protestos diários em vários pontos da capital, porém, Arruda terá dificuldades para repetir o gesto.
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