O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, cogita recorrer à Justiça para suspender a reunião da Executiva Nacional do DEM que decidirá, no dia 10, sobre sua expulsão do partido. O governador, segundo demistas ouvidos pelo Valor, está disposto "a ir até às últimas consequências" para defender sua permanência na legenda e no cargo.
No início da noite de ontem, circularam informações de que Arruda, acuado pelas denúncias de corrupção, teria tomado a decisão de renunciar ao mandato. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), informou que esteve na tarde de ontem com o governador. Na conversa, Arruda não teria manifestado a menor intenção de abandonar o cargo. Ele queria saber dos procedimentos que serão adotados durante a reunião da legenda no dia 10.
O governador, segundo outro parlamentar que esteve ontem com ele, teria chorado muito durante a tarde. Nos últimos dias, sua situação política se agravou por causa do surgimento de novas denúncias, feitas a partir de investigações da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, e por causa das defecções que seu governo vem sofrendo. Procurada pelo Valor, a assessoria de imprensa de Arruda não retornou às ligações até o fechamento desta edição.
Alvo, até o início da noite de ontem, de oito pedidos de impeachment, o governador de Brasília está isolado. Um nono pedido, a ser feito pela seção brasiliense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi decidido ontem à noite e será protocolado na Câmara Distrital na segunda-feira (ver matéria ao lado). "Nós vamos expulsá-lo do partido. Esta decisão já está tomada, e é uma decisão política e não técnica, judicial", disse um integrante da Executiva Nacional do DEM. Se a expulsão for confirmada, Arruda sofrerá novo golpe e ficará sem legenda. Por isso, já planeja obter uma liminar para impedir a realização da reunião da Executiva.
O partido, por sua vez, deu a ele oito dias para apresentar uma defesa das acusações, com o objetivo justamente de evitar contestação judicial quanto à decisão a ser anunciada no dia 10. Na primeira reunião com a direção do DEM, para tratar do escândalo, o governador teria feito uma ameaça velada à legenda, alegando que, se o partido "radicalizasse", ele também "radicalizaria", o que, na linguagem política de Brasília, significa que ele também faria denúncias contra o partido.
O DEM já se prepara para uma possível retaliação. O deputado Rodrigo Maia negou ontem que a atuação de empresas como a Uni Repro Serviços de Tecnologia e a Adler, ambas envolvidas no escândalo de corrupção do Distrito Federal, e que prestam serviços a prefeituras comandadas pelo DEM, comprove a existência de um esquema de caixa dois da legenda a partir do governo Arruda. A Uni Repro, acusada de pagar propinas para atuar na área da Saúde em Brasília, foi contratada em 2006 pela gestão do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Já a Adler, também investigada pela PF na Operação Caixa de Pandora, prestou serviços à Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Cesar Maia - pai de Rodrigo. "É mais do que natural que empresas de grande porte participem de licitações e tenham contratos em diversas partes do país", afirmou.
Maia disse que Arruda ajudou o partido nas campanhas municipais de 2008, mas garantiu que todas as empresas que fizeram doações declararam as quantias ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Sabemos que nossa imagem está desgastada, mas vamos tomar uma atitude quanto a isso na próxima semana. O que eu asseguro é que todas as nossas doações são públicas", afirmou.
O relator do processo de expulsão de Arruda do DEM, o ex-deputado José Thomaz Nonô (AL), disse ontem que as investigações envolvendo empresas e a suspeita de um esquema de caixa dois do partido não vão interferir no juízo político que fará na próxima semana. "Não vou analisar se o Arruda é culpado ou inocente. O que eu vou analisar é se ele merece permanecer no convívio fraternal e democrático do nosso partido", disse Nonô. "Julgamento não é linchamento. Que diferença faz decidir algo hoje ou daqui a oito dias? Até porque, a resposta mais rápida não é, necessariamente, a mais certa."
Nonô vai esperar pela defesa do governador até às 12h15 do dia 9. "Não vai haver cerceamento de defesa, mas no dia 10 eu darei a minha resposta", prometeu o relator.
Em relação aos desdobramentos do escândalo do DEM na disputa eleitoral de 2010, tanto Nonô quanto Rodrigo Maia procuram separar os dois debates. Em entrevista à "BBC Brasil", Maia voltou a criticar o PSDB que, segundo ele, não foi leal ao DEM na crise vivida pelo partido. Para o presidente nacional da legenda, não faz sentido, neste momento, iniciar um debate sobre uma chapa nacional para 2010, tendo um tucano candidato a presidente e um demista como vice. É remota, segundo ele, a possibilidade de o vice ser do DEM. "Ainda não tive a chance de conversar com eles [PSDB], mas pelo que vi até o momento, acho que faltou um pouco de solidariedade", disse. "O PSDB já viveu crises no passado."
Nonô reconhece que a imagem do DEM está arranhada, mas não acredita que isso possa ter interferência no plano nacional. "Um escândalo envolvendo um governador da Capital Federal repercute na população local. Aqui, o barulho é sempre maior. Se você for viajar pelo país, vai ver que outros fatores serão levados em conta nas eleições do ano que vem", afirmou Nonô. "Se o DEM quer se sair bem desse episódio, terá que mostrar para a população que não ficou inerte diante de uma denúncia de corrupção envolvendo um de seus integrantes".
No início da noite de ontem, circularam informações de que Arruda, acuado pelas denúncias de corrupção, teria tomado a decisão de renunciar ao mandato. O presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), informou que esteve na tarde de ontem com o governador. Na conversa, Arruda não teria manifestado a menor intenção de abandonar o cargo. Ele queria saber dos procedimentos que serão adotados durante a reunião da legenda no dia 10.
O governador, segundo outro parlamentar que esteve ontem com ele, teria chorado muito durante a tarde. Nos últimos dias, sua situação política se agravou por causa do surgimento de novas denúncias, feitas a partir de investigações da Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, e por causa das defecções que seu governo vem sofrendo. Procurada pelo Valor, a assessoria de imprensa de Arruda não retornou às ligações até o fechamento desta edição.
Alvo, até o início da noite de ontem, de oito pedidos de impeachment, o governador de Brasília está isolado. Um nono pedido, a ser feito pela seção brasiliense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi decidido ontem à noite e será protocolado na Câmara Distrital na segunda-feira (ver matéria ao lado). "Nós vamos expulsá-lo do partido. Esta decisão já está tomada, e é uma decisão política e não técnica, judicial", disse um integrante da Executiva Nacional do DEM. Se a expulsão for confirmada, Arruda sofrerá novo golpe e ficará sem legenda. Por isso, já planeja obter uma liminar para impedir a realização da reunião da Executiva.
O partido, por sua vez, deu a ele oito dias para apresentar uma defesa das acusações, com o objetivo justamente de evitar contestação judicial quanto à decisão a ser anunciada no dia 10. Na primeira reunião com a direção do DEM, para tratar do escândalo, o governador teria feito uma ameaça velada à legenda, alegando que, se o partido "radicalizasse", ele também "radicalizaria", o que, na linguagem política de Brasília, significa que ele também faria denúncias contra o partido.
O DEM já se prepara para uma possível retaliação. O deputado Rodrigo Maia negou ontem que a atuação de empresas como a Uni Repro Serviços de Tecnologia e a Adler, ambas envolvidas no escândalo de corrupção do Distrito Federal, e que prestam serviços a prefeituras comandadas pelo DEM, comprove a existência de um esquema de caixa dois da legenda a partir do governo Arruda. A Uni Repro, acusada de pagar propinas para atuar na área da Saúde em Brasília, foi contratada em 2006 pela gestão do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Já a Adler, também investigada pela PF na Operação Caixa de Pandora, prestou serviços à Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Cesar Maia - pai de Rodrigo. "É mais do que natural que empresas de grande porte participem de licitações e tenham contratos em diversas partes do país", afirmou.
Maia disse que Arruda ajudou o partido nas campanhas municipais de 2008, mas garantiu que todas as empresas que fizeram doações declararam as quantias ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Sabemos que nossa imagem está desgastada, mas vamos tomar uma atitude quanto a isso na próxima semana. O que eu asseguro é que todas as nossas doações são públicas", afirmou.
O relator do processo de expulsão de Arruda do DEM, o ex-deputado José Thomaz Nonô (AL), disse ontem que as investigações envolvendo empresas e a suspeita de um esquema de caixa dois do partido não vão interferir no juízo político que fará na próxima semana. "Não vou analisar se o Arruda é culpado ou inocente. O que eu vou analisar é se ele merece permanecer no convívio fraternal e democrático do nosso partido", disse Nonô. "Julgamento não é linchamento. Que diferença faz decidir algo hoje ou daqui a oito dias? Até porque, a resposta mais rápida não é, necessariamente, a mais certa."
Nonô vai esperar pela defesa do governador até às 12h15 do dia 9. "Não vai haver cerceamento de defesa, mas no dia 10 eu darei a minha resposta", prometeu o relator.
Em relação aos desdobramentos do escândalo do DEM na disputa eleitoral de 2010, tanto Nonô quanto Rodrigo Maia procuram separar os dois debates. Em entrevista à "BBC Brasil", Maia voltou a criticar o PSDB que, segundo ele, não foi leal ao DEM na crise vivida pelo partido. Para o presidente nacional da legenda, não faz sentido, neste momento, iniciar um debate sobre uma chapa nacional para 2010, tendo um tucano candidato a presidente e um demista como vice. É remota, segundo ele, a possibilidade de o vice ser do DEM. "Ainda não tive a chance de conversar com eles [PSDB], mas pelo que vi até o momento, acho que faltou um pouco de solidariedade", disse. "O PSDB já viveu crises no passado."
Nonô reconhece que a imagem do DEM está arranhada, mas não acredita que isso possa ter interferência no plano nacional. "Um escândalo envolvendo um governador da Capital Federal repercute na população local. Aqui, o barulho é sempre maior. Se você for viajar pelo país, vai ver que outros fatores serão levados em conta nas eleições do ano que vem", afirmou Nonô. "Se o DEM quer se sair bem desse episódio, terá que mostrar para a população que não ficou inerte diante de uma denúncia de corrupção envolvendo um de seus integrantes".
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